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O que é o grupo extremista Boko Haram?

Desde 2002, o grupo busca estabelecer um Estado totalmente islâmico por meio de ataques
Portas Abertas • 01 set 2025
Cristãos deslocados pelo Boko Haram unidos em culto em Camarões

O Boko Haram é um grupo extremista que tem, nos últimos anos, realizado uma campanha sistemática contra o Estado nigeriano, alvejando especificamente cristãos com ideologias, retóricas e ações com a intenção de estabelecer um Estado islâmico. Militantes do Boko Haram atuam na Nigéria desde 2002, apesar dos oficiais nigerianos repetidamente alegarem vitória sobre o grupo. 

O avanço do grupo extremista é reflexo do crescimento da opressão islâmica, que tem se tornado o tipo de perseguição mais dominante na Nigéria. A insegurança é continua e, de acordo com relatório publicado, e obriga as vítimas a fugirem da violência.  A situação é ainda mais preocupante pois o trauma não permaneceu apenas dentro das fronteiras da Nigéria. 

Hoje, ChadeNíger Camarões , que fazem parte da Lista Mundial da Perseguição 2025, enfrentam também as atrocidades do Boko Haram. Além disso, de acordo com o escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, da sigla em inglês), aproximadamente dez milhões de pessoas, ou metade da população atingida pelo conflito na região precisa de ajuda humanitária enquanto o conflito se arrasta. Cerca de 2,5 milhões de pessoas estão deslocadas apenas nessa área. Os níveis de fome e desnutrição também permanecem altos. 

O que é o Boko Haram? 

O Boko Haram é um grupo extremista que atua na Nigéria, o país mais populoso da África e o mais violento contra cristãos, e em países próximos. Eles militam pela jihad, a guerra santa do islamismo, que pressupõe a imposição da religião muçulmana a todo custo. O grupo militante islâmico Boko Haram tem causado estragos na Nigéria por meio de ondas de bombardeios, assassinatossequestros. Além disso, ele luta para derrubar o governo e criar um Estado islâmico.  

O Boko Haram promove uma versão do islamismo que torna proibido para muçulmanos tomar parte em qualquer atividade política ou social associada com o Ocidente. Isso inclui votar em eleições, receber educação secular ou restringir vestuário. 

deslocados internos estão sentados em abrigos improvisados

A violência do Boko Haram obriga milhares cristãos a se tornarem deslocados na Nigéria 

Os ataques do Boko Haram também causam deslocamento em massa de cristãos na Nigéria. O grupo considera o Estado nigeriano controlado por descrentes, independentemente do presidente ser muçulmano ou não, e tem estendido sua campanha militar alvejando países vizinhos. O nome oficial do grupo é Jamaatu Ahlis Sunna Liddaawati wal-Jihad, que em árabe significa “Pessoas Comprometidas em Propagar os Ensinamentos do Profeta e a Jihad”. Porém, moradores da cidade nigeriana de Maiduguri, onde o grupo tem sua sede, o apelidaram de Boko Haram, que traduzido de forma livre significa: “a educação do Ocidente é proibida”. 

Desde que partes do que agora é o Nordeste da Nigéria, Níger e Sudeste de Camarões, estiveram sob controle britânico, em 1903, houve resistência entre alguns muçulmanos da área quanto à educação ocidental. Muitos recusavam enviar os filhos para as “escolas ocidentais”, dirigidas pelo governo. Contra esse cenário, o clérigo muçulmano, Mohammed Yusuf, formou o Boko Haram em Maiduguri, em 2002. Ele criou um complexo religioso, que inclui uma mesquita e uma escola islâmica, a qual servia como um campo de recrutamento para jihadistas, militantes da guerra islâmica

Ataques do Boko Haram 

Em 2009, o Boko Haram realizou uma série de ataques a delegacias de polícia e outros prédios governamentais em Maiduguri, capital do estado de Borno. Centenas de apoiadores do grupo foram mortos e milhares de moradores fugiram da cidade. As forças de segurança da Nigéria finalmente confiscaram a sede do grupo, capturando seus combatentes e mataram o então líder Yusuf. O corpo foi mostrado na televisão estatal e as forças de segurança declararam o Boko Haram acabado. 

Mas seus combatentes se reagruparam sob o comando de um novo líder, Abubakar Shekau, e intensificaram sua revolta. Em 2013, os Estados Unidos designaram o grupo como organização terrorista, com medo de que os militantes nigerianos tivessem desenvolvido ligações com outros grupos, como a Al-Qaeda, para promover uma jihad global. 

casa amarela queimada com fumaça saindo após ataque

Casas incendiadas em ataque do Boko Haram no Norte da Nigéria 

Ainda de acordo com a BBC, a marca oficial do Boko Haram originalmente eram atiradores em motocicletas, matando policiais, políticos e qualquer um que os criticasse, incluindo clérigos de outras tradições muçulmanas e pregadores cristãos. O grupo, então, começou a realizar ataques mais audaciosos, incluindo bombardeio a igrejas, ônibus, bares, quartéis militares e até mesmo à polícia. Em meio ao crescente aumento da violência, o governo declarou estado de emergência em maio de 2013 nos três estados onde o Boko Haram era mais forte: Borno, Yobe e Adamawa. 

Em abril de 2014, o Boko Haram sequestrou mais de 200 alunas na cidade de Chibok, no estado de Borno, dizendo que as trataria como escravas e os militantes se casariam com elas, pois as mulheres capturadas em conflito são consideradas espólio, ou seja, bens tomados do inimigo em uma guerra. O grupo também mudou sua tática, mantendo-se no território em vez de se retirar após um ataque. 

Ramificações e reorganização do Boko Haram 

Em agosto do mesmo ano, o novo líder, Shekau, declarou um califado nas áreas sob controle do Boko Haram, com a cidade de Gwoza como sede do seu poder. Depois, o líder prometeu formalmente lealdade ao grupo Estado Islâmico, virando as costas para a Al-Qaeda. O Estado Islâmico aceitou sua lealdade, nomeando o território sob o controle do Boko Haram como Estado Islâmico da Província da África Ocidental, uma organizando um novo grupo extremista, o ISWAP

Mas, em março de 2015, o Boko Haram perdeu todas as cidades que estavam sob seu controle após uma coalizão regional – formada por tropas de Nigéria, Camarões, Chade e Níger– combatê-lo. Segundo a BBC, em agosto de 2016, o grupo aparentemente se dividiu, com um vídeo do Estado Islâmico anunciando que Shekau fora substituído por Abu Musab al-Barnawi.Em meio a tudo isso, 21 das meninas de Chibok, vistas como bens preciosos para Shekau, foram libertas em outubro do mesmo ano, após conversas envolvendo militantes, os governos nigeriano e suíço, e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Apesar disso, a Anistia Internacional afirma que cerca de duas mil crianças permanecem cativas e muitas outras precisam ser libertas. 

Ijanada que foi vítima de sequestro do Boko Haram está no Centro da imagem com seus dois filhos, um de cada lado. Ela usa um vestido listrado e as crianças, um menino e uma menina, estão sorridentes

Ijanada foi sequestrada e violentada pelo Boko Haram que a libertou após anos depois que ela teve dois filhos 

Enquanto muitos combatentes são mortos e armas são confiscadas, alguns analistas dizem que é muito cedo para descartar o Boko Haram. O grupo tem sobrevivido mais que outros militantes no país e tem construído uma presença em estados vizinhos, onde realiza ataques e recruta combatentes. 

De acordo com a agência de notícias Reuters, Abubakar Shekau morreu em maio de 2021. O líder do Boko Haram detonou um dispositivo explosivo quando foi perseguido por soldados do grupo Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP). De acordo com os rivais, os líderes do Estado Islâmico queriam retirar Shekau da liderança e até o convidaram a participar do ISWAP, mas o jihadista considerou isso uma humilhação e se matou. 

A Nigéria tem sido assolada por ataques do Boko Haram e é inegável o fator religioso dos conflitos, que já causaram a morte e o deslocamento de milhares de cristãos. Com isso, muitos cristãos perdem seus entes queridos e bens como casa e propriedade, ao fugirem dos ataques. Eles acabam por fugir para acampamentos com barracas improvisadas e sem alimentação, água potável e saneamento básico teste.