Tipo de perseguição
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População cristã

Como é a perseguição aos cristãos no Chade?
O Chade enfrenta imensos desafios devido a sua proximidade com países que lutam contra grupos jihadistas radicais e, por vezes, a presença desses grupos penetra as fronteiras do Chade. Boko Haram e outros grupos extremistas já operam no país, e as crises de deslocamento dos países vizinhos, especialmente no Sudão, contribuíram para a instabilidade local. Em tal ambiente, ser cristão traz riscos significativos, principalmente nas áreas rurais, onde o medo muitas vezes impede os cristãos de frequentar a igreja.
Em regiões dominadas pelo islã, os indivíduos que se convertem ao cristianismo são especialmente vulneráveis e muitas vezes são forçados a praticar a fé em segredo para evitar reações violentas da família ou da comunidade. Embora a Constituição do Chade prometa liberdade religiosa, pode ser difícil converter-se legalmente e registrar igrejas.
“Meu tio juntou minhas roupas, as jogou no lixo e me pediu para sair de casa. Eu não tinha aonde ir. Implorei para ficar, mas ele pegou um grande pedaço de pau e me expulsou.”
Malloum (pseudônimo), cristão de origem muçulmana no Chade que morava com o tio muçulmano até ele descobrir sua conversão ao cristianismo
Como as mulheres são perseguidas no Chade?
No Chade, mulheres e meninas estão sujeitas a divórcio, casamento forçado, sequestro por grupos extremistas, violência sexual e práticas culturais prejudiciais. Em um contexto predominantemente islâmico e patriarcal, as mulheres cristãs são vulneráveis por causa de sua religião, bem como de seu gênero.
As cristãs de origem muçulmana enfrentam forte pressão da família e da comunidade local. Os pais delas podem casá-las à força com um muçulmano, com o objetivo de restaurá-las ao islã. As meninas que recusam esses casamentos podem enfrentar sérias consequências, incluindo violência dos pais e outros membros da família e da comunidade. Se as mulheres já são casadas quando se convertem, o marido é pressionado pela família e pela sociedade a se divorciar delas e negar-lhes o acesso aos filhos.
Mulheres e meninas também podem ter dificuldade em acessar a comunidade cristã ou frequentar os cultos da igreja, pois podem ser facilmente submetidas à prisão domiciliar por parte da família. Alguns pais as restringem por meios indiretos, como sobrecarregá-las com tarefas para evitar que saiam de casa. Mulheres e meninas cristãs também podem sofrer espancamentos físicos ou deserdação.
Como os homens são perseguidos no Chade?
Homens e meninos cristãos no Chade são mais propensos a serem alvos de violência e mortos do que as mulheres. Eles enfrentam ataques, prisões e detenções ilegais e podem enfrentar violência física, perda da herança e marginalização. Além disso, homens e meninos são vulneráveis a sequestros. A perseguição assume várias formas, incluindo assédio econômico em termos de negócios, emprego e oportunidades de trabalho, bem como recrutamento militar ou serviço que vai contra sua consciência.
Homens e meninos cristãos no Chade são altamente vulneráveis à perseguição de grupos militantes islâmicos, como o Boko Haram. Alguns teriam sido sequestrados, forçados a se converter ao islã e recrutados à força para as fileiras de grupos jihadistas para servir como combatentes.
Mais do que qualquer outro grupo cristão, os cristãos de origem muçulmana correm maior risco de violência nas mãos da família e da comunidade. Os cristãos que são presos sofrem tratamento severo, que muitas vezes inclui tortura, e alguns morrem como resultado. Normalmente, quando a conversão se torna conhecida, eles são isolados pela família e comunidade local.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos perseguidos no Chade?
A Portas Abertas trabalha por meio de igrejas locais no Chade, provendo treinamento de preparação para a perseguição, discipulado, projetos de geração de renda e apoio aos cristãos recém-convertidos.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Chade?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Chade?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Chade são: opressão islâmica, paranoia ditatorial, opressão do clã e corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Chade são: grupos religiosos violentos, líderes religiosos não cristãos, cidadãos e quadrilhas, parentes, oficiais do governo, líderes de grupos étnicos, redes criminosas.
Pedidos de oração do Chade
- Peça a Deus para proteger os cristãos que vivem em áreas onde são vulneráveis a ataques do Boko Haram ou de outros grupos radicais islâmicos.
- Ore para que a presença de Deus encoraje os cristãos no Chade, especialmente os que deixaram o islã para seguir a Jesus.
- Interceda por abrigo e sustento para os cristãos deslocados de suas casas e comunidades por amor a Cristo.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO CHADE
O Chade é um país sem litoral que compartilha fronteiras com Líbia, Sudão, República Centro-Africana, Camarões, Nigéria e Níger. O Chade foi um dos 17 países africanos que conquistaram a independência em 1960, sempre referido como “o ano da África”. Entretanto, a situação seguinte à declaração da independência não foi o que muitos chadianos imaginaram, e diferentes facções surgiram. O homem chamado de pai da independência, François Tombalbaye, se tornou um presidente autocrático. Um dos principais desafios para o governo de Tombalbaye foi um grupo de guerrilha que atuava no Norte do país chamado Frente de Libertação Nacional do Chade (FROLINAT). Tropas francesas ajudaram o presidente a acabar com a revolta, mas foram incapazes de derrotar rebeldes no Nordeste. Tombalbaye permaneceu no poder até seu assassinato, em 1975.
No golpe de 1975, o general Félix Malloum tomou o poder no conflito com forças rebeldes na parte nordeste do país. Eles foram financiados pela Líbia, que alegou a posse da Faixa de Auzu (a parte Norte do Chade) e a anexou em 1977. Em 1979, o general Malloum foi forçado a fugir do país e Goujouni Oueddei, o líder da Frente Nacional de Libertação do Chade, subiu ao poder. Em 1980, a Líbia enviou suas tropas para ajudar Oueddei que estava disposto a reconhecer a posse da Líbia sobre a Faixa de Auzu. Oueddei teve que lutar com uma força rebelde liderada por Hissene Habre. Em 1982, Habre tomou o poder, mas Goukouni Oueddei continuou lutando na parte norte do país. Em 1990, Idriss Déby depôs Habre com o apoio do Sudão e tomou o poder. Habre fugiu para o Senegal e foi colocado em julgamento, em novembro de 2015, por atrocidades cometidas durante sua liderança.
Violência e rebeliões continuaram sob a presidência de Déby. O país continua lutando com o Boko Haram próximo à Bacia do Chade. Em 2018, a Assembleia Nacional alterou a Constituição que antes de ser aprovada manteria o atual presidente no poder por mais dez anos.
Eleições presidenciais ocorreram no Chade em 11 de abril de 2021. Idriss Déby, que serviu por cinco mandatos consecutivos desde que tomou o poder no golpe de 1990, estava concorrendo ao sexto mandato. Resultados provisórios liberados em 19 de abril mostraram que ele ganhou a reeleição com 79% dos votos. Entretanto, em 20 de abril de 2021, as Forças Armadas repentinamente anunciaram que Déby tinha sido morto em uma ação enquanto conduzia as tropas do país em uma batalha contra rebeldes que se autointitulavam Frente pela Alternância e Concórdia no Chade (FACT, da sigla em inglês). Desde então, ele foi substituído por seu filho, Mahamat Idriss Déby, como atual presidente da república. Espera-se que Mahamat Déby governe pelos próximos 18 meses e, ao final do período de transição, ocorram eleições democráticas e livres.
HISTÓRIA DA IGREJA NO CHADE
Embora padres católicos romanos tenham tentado estabelecer uma missão cristã no começo dos anos 1660, essa foi a única possibilidade após o controle total da França sobre o país. Uma presença completamente institucionalizada foi estabelecida em 1946. Missionários batistas entraram no Chade em 1925. Em 1927, a Missão Unida do Sudão entrou no país. Os adventistas do sétimo dia também estão ativos no país desde 1967.
CONTEXTO DO CHADE
O islamismo chegou ao país no século 11, mas só se tornou a religião nacional nos séculos 16 e 17, quando o país se tornou rota para o comércio de escravos muçulmanos. O Chade é agora um país de maioria muçulmana.
Embora o Chade seja uma república secular, o islamismo é a principal religião e permeia a sociedade levando alguns chadianos a mostrarem hostilidade e intolerância contra cristãos, que consideram infiéis. Os grupos étnicos árabe, canembu, bornu e buduma são os mais muçulmanos e têm uma relação antagônica com os grupos wadai bulala, kobe, tama, barma e mesmedje, que são em sua maioria cristãos.
Há também questões de refugiados no país. Conforme o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), até 31 de maio de 2021, dados atualizados de refugiados e deslocados internos no Chade eram estimados em 504.584 e 401.511, respectivamente. Há também cerca de 4.554 em busca de asilo no país. Apesar dos recursos limitados, “o governo do Chade continua tendo uma atitude positiva e de boas-vindas com relação aos refugiados. Por mais de uma década, o país recebeu cerca de 340 mil refugiados sudaneses no Leste, 100 mil refugiados de países da África Central no Sul, e abriu as portas para mais de 15 mil refugiados nigerianos da insurgência do Boko Haram na região do Lago Chade.
O Chade é caracterizado por um ambiente operacional complexo com um prolongado deslocamento interno devido à instabilidade ao redor da região do Lago Chade desde 2014, agravado pelo regular influxo de refugiados devido a emergências nos países vizinhos. Mais de 22 mil refugiados chegaram da República Centro-Africana em 2018 e mais de 4,5 mil da Nigéria em 2019. Para melhor atender às necessidades dos refugiados, o Chade é um dos países-piloto para o Quadro Global de Resposta aos Refugiados (CRRF, da sigla em inglês). Alinhado a essa abordagem, o Chade integrou os refugiados ao sistema nacional de educação, e o mesmo processo está agora em andamento para a área da saúde. Com base nisso, o país está no processo de elaboração e adoção de uma nova lei nacional de asilo que aumentará o movimento de liberdade dos refugiados e acesso a empregos e terras, que são os elementos-chave para a inclusão socioeconômica dos refugiados”.