Tipo de perseguição
Pontuação na pesquisa
88Religião
Capital
População
População cristã

Como é a perseguição aos cristãos na Nigéria?
A violência jihadista continua a crescer na Nigéria, e os cristãos estão particularmente em risco por causa dos ataques de extremistas islâmicos, como radicais entre o povo fulani, Boko Haram e ISWAP (Estado Islâmico da Província da África Ocidental). Houve um aumento desses ataques durante o governo do ex-presidente Muhammadu Buhari, colocando a Nigéria no epicentro da violência contra a igreja. A falha do governo em proteger os cristãos e punir os agressores tem fortalecido a influência dos militantes na região.
Enquanto os cristãos costumavam ser vulneráveis apenas nos estados do Norte, predominantemente mulçumano, essa violência continua a se espalhar no Cinturão Médio e até o Sul do país. Muitos cristãos são mortos, principalmente os homens, enquanto as mulheres são sequestradas e alvos de violência sexual. Mais cristãos são mortos por sua fé na Nigéria do que em qualquer outro lugar no mundo. Os militantes também destroem casas, igrejas e meios de subsistência, como as roças das famílias cristãs.
Ao todo, mais de 16,2 milhões de cristãos na África Subsaariana foram expulsos de suas casas por causa de violência e de conflitos nos últimos anos, sendo a maioria da Nigéria. Milhões vivem agora em acampamentos de deslocados internos. Por outro lado, cristãos que vivem nos estados do Norte da Nigéria vivem sob a sharia (conjunto de leis islâmicas) e podem enfrentar discriminação e opressão como cidadãos de segunda classe. Os cristãos de origem muçulmana geralmente experimentam rejeição da família e pressão para renunciar à fé em Jesus. Eles frequentemente têm de fugir de casa sob ameaça de morte.
Em 2023, Bola Tinubi foi eleito o novo presidente da Nigéria. Apesar de, tanto ele como seu antecessor serem mulçumanos, o novo presidente tem realizado uma reforma significativa no país. Isso tem promovido um equilíbrio representativo melhor do islamismo e do cristianismo nas posições de liderança na Nigéria do que antes, sob o presidente Buhari. Era esperado que isso levasse a um reconhecimento das violações dos direitos humanos dos cristãos e a uma intervenção mais efetiva pelas forças de segurança para protegê-los. Contudo, isso não aconteceu de maneira tangível durante o período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2025.
“Muitos de nós não queremos retornar para o vilarejo. O Boko Haram nos avisou que seremos mortos se voltarmos.”
Salamatu, cristã que vivia em comunidade atacada pelo Boko Haram na Nigéria
Como as mulheres são perseguidas na Nigéria?
No Norte da Nigéria e de forma crescente no Sul, a situação das cristãs continua terrível. Ataques executados por grupos extremistas e criminosos armados têm aterrorizado comunidades cristãs e as mulheres com sequestro, abuso sexual, casamento forçado, escravidão sexual e até morte. Muitas estão vulneráveis a rapto e violência sexual,mesmo em campos de deslocados internos.
O sequestro para resgate é usado intencionalmente para empobrecer as famílias cristãs. Alguns pais escolhem manter as meninas em casa, longe da escola, para evitar que elas sejam sequestradas. Aquelas que frequentam as escolas no Norte da Nigéria são forçadas a usar vestimentas islâmicas.
A violência sexual pode ter um impacto devastador sobre as famílias e as comunidades, pois as vítimas podem ser estigmatizadas em suas comunidades. Uma mulher que tenha sido abusada sexualmente pode ser vista como impura, especialmente se estiver grávida, e as crianças que nascem desses abusos têm mais chances de serem marginalizadas.
Como os homens são perseguidos na Nigéria?
Homens e meninos cristãos são alvos específicos de militantes islâmicos e de grupos criminosos armados, que os atacam e assassinam com frequência. O objetivo dos perseguidores é tanto eliminar a geração atual de seguidores de Jesus, como minar o crescimento das famílias cristãs. Além disso, cristãos e líderes religiosos são sequestrados para pagamento de resgates em dinheiro, o que arruína as famílias e as comunidades cristãs.
Os homens cristãos também são estrategicamente marginalizados na educação e no mercado de trabalho, independentemente de suas qualificações. Muitos seguidores de Jesus também são multados ou presos ilegalmente. Isso acontece com frequência em áreas do Norte que são governadas com base na sharia.
A combinação de violência, pressão e discriminação tem um efeito devastador na igreja e na comunidade cristã. Muitos são obrigados a deixar o país em busca de uma vida melhor e mais segura.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos na Nigéria?
A Portas Abertas trabalha por meio de igrejas locais parceiras para fortalecer cristãos na Nigéria com treinamento de preparação para a perseguição, cuidados pós-trauma, ajuda emergencial e projetos de geração de renda.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos na Nigéria?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos na Nigéria?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos na Nigéria são: hostilidade etno-religiosa, opressão islâmica, nacionalismo religioso, paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos na Nigéria são: líderes de grupos étnicos, grupos religiosos violentos, grupos de pressão ideológica, líderes religiosos não cristãos, oficiais do governo, grupos paramilitares, redes criminosas, organizações multilaterais, partidos políticos, cidadãos e quadrilhas, parentes.

Pedidos de oração da Nigéria
- Ore pelos cristãos cujos entes queridos foram mortos ou sequestrados na Nigéria.
- Peça a Deus que trabalhe nos corações dos líderes nigerianos para proteger os cidadãos e as comunidades cristãs.
- Interceda pelos milhões de cristãos e outros que se tornaram deslocados internos por causa da violência na Nigéria.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DA NIGÉRIA
A Nigéria é o país com a maior população da África e uma grande força política e econômica no continente. O fóssil mais antigo encontrado na Nigéria data de 90 mil a.C. Algumas coleções de ferramentas e artefatos mostram a passagem do país pela Idade da Pedra Polida e pela Idade do Bronze também.
Antes de tornar-se uma colônia britânica, diversos grupos políticos nativos administravam a Nigéria. Diversas nações, como o Egito e o Sudão, também faziam incursões no território nigeriano durante viagens por rotas comerciais e caravanas de nômades. No século 19, a Nigéria estava organizada em pequenos reinos, compostos por alguns dos principais grupos éticos nigerianos, os hausa e os iorubá.
O tráfico de escravos tanto dentro da Nigéria como para o exterior foi uma questão recorrente entre 1820 e 1851, que diminuiu até deixar de existir depois da intervenção britânica. No início do século 20, os fulanis, outro grupo étnico nigeriano, chegaram ao país e começaram a habitar e a praticar as atividades agropastoris.
Trabalhos missionários também foram ativos no país, principalmente em Lagos. Diversos grupos presbiterianos, metodistas e batistas chegaram à Nigéria no século 20. No mesmo período, a presença britânica começou a avançar, primeiro conquistando o Sul, depois o Norte e unificando essas duas partes para tornar a Nigéria uma colônia britânica.
Para evitar a resistência que os nigerianos tinham ao governo britânico, os colonizadores mantiveram alguns governos tradicionais locais e os utilizavam para atingir os objetivos europeus, procurando fazer poucas intervenções diretas. Por outro lado, para evitar que as comunidades se unissem contra a colônia, eles separaram grupos que tradicionalmente viviam unidos, especialmente no Norte, onde os líderes muçulmanos ofereciam maior oposição.
A presença britânica causou grandes mudanças na Nigéria, a principal delas foi o avanço do cristianismo. Apesar de o domínio britânico parecer estável nas duas primeiras décadas do século 20, o protetorado começou a se tornar instável até que a Nigéria conquistou a independência em 1960.
Independência e nova Constituição
O país ganhou independência em 1960, mas escolheu permanecer como membro da comunidade britânica, a Commonwealth. A Nigéria passou por um longo período de disputas entre os grupos étnicos desde então, e uma série de administrações civis, que falharam em controlar a crise política e foram derrubadas pelo exército. Depois de 16 anos de governo militar por quatro generais diferentes, em que a transição para a democracia e o governo civil foi continuamente adiada, a Quarta República foi inaugurada com uma nova Constituição em 1999.
Essa mudança aconteceu em parte devido à morte súbita do general e ditador militar, Sani Abacha. Após a morte, o sucessor, o general Abdulsalami Alhaji Abubakar, supervisionou uma rápida transição para o domínio civil e promulgou uma nova Constituição. É interessante observar que na Constituição de 1999 da Nigéria secular, a palavra “islamismo” como uma religião é mencionada 28 vezes e a palavra “muçulmano”, dez vezes. No entanto, cristianismo, cristão, igreja ou tribunais canônicos não são mencionados nenhuma vez.
Desde a retomada do regime constitucional na Nigéria, em 1999, o Partido Popular Democrata emergiu como o partido dominante, ganhando todas as eleições presidenciais, exceto em 2015 e 2019, um período com revoltas e denúncias de corrupção.
O país entrou em um novo capítulo da história em maio de 2015, quando Goodluck Jonathan foi derrotado nas eleições presidenciais e passou o poder à oposição, ao Congresso de Todos os Progressistas (APC, da sigla em inglês) com Muhammadu Buhari como presidente. Goodluck Jonathan governou o país desde 2010 e presenciou já no primeiro mandato ameaças do grupo extremista Boko Haram.
Nos últimos anos, o país tem lutado contra a insurgência em partes da região do Delta do Níger e islâmicos radicais no Norte do país, que têm se espalhado para o Sudoeste e Sudeste também. Os ataques foram aumentando de intensidade e frequência com os anos, tendo como alvos prédios do governo e instituições cristãs, como escolas e igrejas. O governo não conseguiu parar os ataques. Em 2012, estima-se que mais de 2.800 pessoas foram assassinadas em ataques do Boko Haram e em 2014, em uma das maiores ações do grupo, 275 meninas foram raptadas em uma escola em Chibok.
As ações dos extremistas levaram a sanções internacionais sobre a Nigéria e diversos territórios foram dominados por eles e declarados como estados islâmicos. Vários planos do governo tentam controlar a situação e de fato conseguiram pequenos avanços, mas em 2015 a situação se agravou, especialmente com a aliança entre Boko Haram e Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP).
CONTEXTO DA NIGÉRIA
A Nigéria é o maior e mais populoso país da África. O nome do país vem do Rio Níger que atravessa o seu território formando inúmeras cachoeiras e corredeiras. A Nigéria faz fronteira com Níger, Chade, Benin e Camarões (com quem teve disputas territoriais no início dos anos 2000) e ao Sul é cercado pelo Golfo da Guiné. Abuja é a capital atual do país, uma cidade planejada, apesar de a antiga capital, Lagos, continuar o centro comercial e industrial do país.
A Nigéria também tem uma das maiores economias na África. A região Sul é a mais desenvolvida do país, com centros industriais e culturais importantes, além de portos. A extração de petróleo é uma fonte econômica importante que, desde 1960, atraiu muitas pessoas para a cidade e fomentou a urbanização na nação. Ainda assim, quase metade da população vive nas áreas rurais e cuida de pequenas plantações de subsistência.
O país é divido em 36 estados e um distrito federal — onde fica a capital — Abuja. O setor judiciário nigeriano segue três códigos de leis: o código de costumes (sobre assuntos como divórcio), o código nacional (baseado na Constituição inglesa), e em estados com maioria muçulmana, a sharia (conjunto de leis islâmicas) também é aplicada. Apesar da alegação de que apenas muçulmanos são submetidos à sharia, os relatos de minorias religiosas subjugadas pela sharia é frequente.
As cidades não foram planejadas e têm sérios problemas de saneamento básico. Por isso, algumas doenças, como diarreia e malária, são frequentes e causam muitas mortes.
Tanto nas áreas urbanas como no interior, a família tem papel central. Parentes se reúnem com frequência para celebrar aniversários, casamentos e para se apoiarem em funerais. Sempre muito unidos e presentes.
A Nigéria também tem uma rica herança cultural, tanto na arte tradicional como na contemporânea. Algumas peças são heranças de quando a Nigéria fazia parte do Reino de Benin. A música e a dança são partes da identidade nigeriana e estão presentes em diferentes estilos e fazem parte tanto das celebrações de casamentos quanto em momentos solenes como assembleias públicas e funerais.
O clima em grande parte do território nigeriano é tropical, com estações secas e chuvosas.
Grupos étnicos
Estima-se que existam 250 grupos étnicos na Nigéria. Cada um habita o território que considera próprio por direito, por herança e por ter sido ocupado inicialmente pelos ancestrais. Aqueles que não são membros do grupo dominante, mesmo que morem ou trabalhem na região durante anos, continuam a ser vistos como estrangeiros.
Os três principais grupos étnicos do país são os hausa-fulani, os iorubá e os igbos. Os hausa, que vivem no Norte, são o grupo mais numeroso. Eles se uniram com a minoria fulani, cujos membros tomaram a Hausalândia, a terra onde os hausa viviam, no século 19. A grande maioria de ambos os grupos é muçulmana.
O outro grupo dominante são os iorubá, no Sul da Nigéria. A maioria deles são agricultores e cada subgrupo dessa comunidade é governada por um líder, chamado oba. Os igbos são o menor grupo. Eles vivem em pequenos assentamentos democráticos e descentralizados. A maior unidade política deles é conselho dos anciãos, escolhidos por mérito, que atua como a liderança local.
A língua oficial da Nigéria é o inglês, mas a língua hausa é a mais conhecida e usada no dia a dia. O país tem uma grande variedade linguística além das descritas acima.
No país subdesenvolvido, as meninas também enfrentam condições desiguais e são as mais vulneráveis a ataques, especialmente as cristãs. Alguns pais, com medo de que suas filhas cristãs sejam atacadas — principalmente em estados com a sharia — escolhem mantê-las em casa ou casá-las cedo com o objetivo de protegê-las. Isso resulta em meninas crescendo sem acesso a educação, ignorantes de seus direitos e dependentes economicamente de homens.
HISTÓRIA DA IGREJA NA NIGÉRIA
Religiões tradicionais africanas eram dominantes na parte sul do país antes de missionários europeus introduzirem o cristianismo. A primeira missão cristã que alcançou a Nigéria foi durante o domínio português na Costa Atlântica nos séculos 15 e 16. No entanto, durante esse período, os católicos portugueses deram prioridade às atividades econômicas e políticas, por isso a missão cristã não avançou, e a maior parte do país continuou seguindo as religiões tradicionais africanas.
Após a abolição do tráfico de escravos transatlânticos pelo Império Britânico em 1807, outra séria tentativa foi feita para reintroduzir o cristianismo na Nigéria. Os escravos libertados que já haviam se convertido tornaram-se fundamentais na evangelização da população nativa. O caso de Samuel Adjai Crowther, que foi o primeiro sacerdote anglicano nigeriano, pode ser tomado como exemplo. Ele desempenhou um papel fundamental na evangelização em Yorubaland. Depois de testemunhar o sucesso de Crowther, os anglicanos da Sociedade Missionária da Igreja, os metodistas, os batistas e os católicos romanos aumentaram os esforços para ter uma forte presença cristã na Nigéria.
À medida que o cristianismo começou a florescer na Nigéria, as questões de discriminação, marginalização das elites africanas e disputas sobre os recursos começaram a instigar cristãos contra cristãos e muitas divisões da igreja resultaram disso.
Missionários cristãos foram menos bem-sucedidos no Norte do país, onde os reinos tribais hausa-fulanis já eram muçulmanos. Houve poucas conversões de muçulmanos para o cristianismo durante o período colonial. Parte disso pode ser atribuído ao fato de que o Norte da Nigéria estava sob leis indiretas, e as missões cristãs não tinham permissão para operar livremente lá.
Islamização e sharia no Norte do país
Desde 1999, a sharia (conjunto de leis islâmicas) está imposta em doze estados do Norte, para a preocupação dos cristãos, causando um alto nível de tensão. Além disso, em muitas partes do Norte da Nigéria, e cada vez mais no Sul também, militantes inspirados em jihadistas estão matando, forçando o deslocamento de cristãos e se apossando de suas terras agrícolas. Sequestros por resgate têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Pouco foi feito para interromper a perseguição aos cristãos nessas áreas.
Até recentemente, o processo de islamização estava ocorrendo principalmente a nível estadual, mas sob a presidência de Muhammadu Buhari, que começou em 2015, cada vez mais é promovido a nível nacional, ganhando um impulso sem precedentes. Isso é visto principalmente nas políticas do governo de nomeações importantes e na forma que a atmosfera de impunidade é permitida, o que beneficia principalmente as atividades de diferentes grupos islâmicos violentos, como outros grupos criminosos.
Não há dúvidas que muçulmanos também são vítimas da violência, mas o que os cristãos experimentam é uma ameaça existencial se essa tendência de ataques continuar.
Os cristãos no Norte da Nigéria, especialmente nos estados onde a sharia governa, enfrentam discriminação e exclusão como cidadãos de segunda classe. Os cristãos de origem muçulmana também enfrentam a rejeição de suas próprias famílias, pressão para desistir do cristianismo e violência física com frequência.