O Talibã pode influenciar outros grupos extremistas na Ásia?

A rápida tomada do Afeganistão pelo grupo extremista Talibã em agosto de 2021 se tornou uma enorme vitória da propaganda islâmica. A vitória do Talibã forneceu a incontáveis grupos islâmicos radicais na Ásia e região um impulso moral muito necessário e uma nova confiança de que vencerão no final.
Exemplos disso podem ser vistos em Bangladesh, onde a mídia elogiou o ocorrido no Afeganistão. “Vá em frente Talibã, o mundo está esperando por você para liderá-lo no futuro!” e “Estou muito feliz em ver a vitória do islã antes da minha morte. Nunca fui tão feliz em toda a minha vida!”. Esses comentários retratam apenas duas das milhares de reações semelhantes, todas alegando que o islã venceu.
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Enquanto os afegãos se preocupam com o governo do Talibã, cidadãos de outros países comemoram a tomada de poder
Mais exemplos podem ser facilmente encontrados no Sudeste Asiático, como é o caso da Indonésia. Apesar de o grupo extremista Jemaah Islamiyah não realizar ataques desde 2011, continua a prejudicar a população. Estima-se que 1.200 cidadãos indonésios viajaram para lutar no Iraque e na Síria desde 2014 e o Jemaah Islamiyah tinha 6.500 membros antes do Talibã assumir o controle de Cabul.
Qual opapel doEstado Islâmico?
Os ataques no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, em 26 de agosto de 2021, mostram que existe outro grupo jihadista realizando ataques: o Estado Islâmico (EI) ou, como é chamado na região, Estado Islâmico Khorasan (ISKP, da sigla em inglês). O grupo existe na região desde 2015 e está envolvido em alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos, muitas vezes contra a minoria hazara. Acredita-se haver até 5.000 integrantes do EI na região da Ásia. Os ataques recentes, no entanto, mostram que eles são capazes de cometer hostilidades em grande escala.
Existem alguns cenários possíveis que podem se desenvolver nos próximos meses e anos em relaçãoao Estado Islâmicoe todos trazem pouco conforto para os cristãos no Afeganistão e em toda a região.OTalibã não é uma organização uniforme, por isso é provável que membros descontentes e grupos que acham que seu domínio não é islâmico o suficiente se unam aoEI, fortalecendo assim a rede.
Na verdade, o grupo já atraiu vários ex-membros do Talibã. Essa é mais uma ameaça para o Sul da Ásia, já que “Khorasan” se refere a uma região histórica que se estende até o atual Afeganistão, Paquistão e Irã. Como o EI é organizado como uma espécie de sistema de franquia, é possível que se ramifique para o Sudeste Asiático.
Leia também o artigo sobre como a ascensão ao poder do Talibã no Afeganistão pode afetar grupos extremistas islâmicos da África.
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