
Tipo de perseguição
Pontuação na pesquisa
74Religião
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População
População cristã

Como é a perseguição aos cristãos em Bangladesh?
Os cristãos de origem muçulmana, hindu, budista ou animista enfrentam as mais severas restrições, discriminações e ataques. As crenças religiosas estão ligadas à identidade da comunidade e deixar de segui-las é interpretado como traição.
Por medo de ataques extremistas, os seguidores de Jesus se reúnem em pequenas igrejas domésticas ou grupos secretos. Igrejas que evangelizem muçulmanos enfrentam perseguição, mas até igrejas tradicionais, como a Igreja Católica Romana, podem enfrentar ataques e ameaças contra os líderes.
Durante o período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2025, houve uma turbulência política no país, na medida em que revoltas levaram à renúncia da primeira-ministra e a um crescimento de ataques extremistas contra os cristãos, especialmente os convertidos de outras religiões.
Tempos de instabilidade são sempre desafiadores para cristãos que pertencem a minorias étnicas, que podem enfrentar dupla perseguição: por causa da etnia e por causa da fé em Jesus. Este ano, membros do grupo étnico bawm, de maioria cristã, foram mortos e outros foram forçados a fugir, em razão de um conflito entre militares e grupos rivais armados.
“Nós somos perseguidos, afligidos e maltratados – mas não destruídos.”
Mijanur Rahman (pseudônimo), cristão em Bangladesh
Como as mulheres são perseguidas em Bangladesh?
Em Bangladesh, mulheres e meninas cristãs, particularmente convertidas de outras religiões, são mais vulneráveis a violações de direitos religiosos e humanos por família, amigos, vizinhos e comunidade local. A perseguição a mulheres cristãs é complexa, geralmente escondida atrás de casamento e vida familiar, e justificada por normas sociais. A conversão ao cristianismo é vista como uma traição e, por isso, mulheres e meninas cristãs podem enfrentar assédio, especialmente se não se conformarem ao código de vestimenta esperado.
Agressão sexual, sequestro, casamento e divórcio forçado são formas comuns de perseguição religiosa. Além disso, mulheres e meninas podem enfrentar formas específicas de violência sexual com o objetivo de humilhá-las e envergonhá-las. Convertidas, especialmente, podem ser alvos de prisão domiciliar, descrita por um especialista como “uma vida cativa”, na qual elas ficam isoladas dos outros membros da família, das igrejas e das comunidades.
Meninas e mulheres cristãs que vivem em campos de refugiados, como as do povo rohingya, são mais vulneráveis.
Como os homens são perseguidos em Bangladesh?
Um resultado da cultura orientada para o homem em Bangladesh é que os homens se tornam cristãos primeiro, sendo seguidos posteriormente por suas famílias. Da mesma forma, como líderes da casa, homens e rapazes enfrentam a perseguição primária. A perseguição aos homens é mais pública, assim, eles correm risco de espancamento, tortura e ameaça. Além disso, os cristãos podem ser alvos no fogo cruzado entre grupos locais armados e o exército de Bangladesh.
A pressão dos membros da comunidade e de líderes muçulmanos locais também provocou a fuga de homens cristãos e suas famílias. Os líderes de igrejas, particularmente, correm risco de serem detidos, embora o encarceramento seja raro. Como os homens são os principais provedores da família, perder o emprego ou ser preso por causa da fé afeta todos que dependem financeiramente deles.
Há líderes locais que acusam os cristãos de subornar pessoas para se tornarem cristãs, o que pode resultar em prisão. Porém, esses casos são raros.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos em Bangladesh?
A Portas Abertas trabalha por meio de igrejas locais parceiras para oferecer treinamento bíblico, distribuição de Bíblias, projetos de desenvolvimento socioeconômico, alfabetização e ajuda emergencial.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos em Bangladesh?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos em Bangladesh?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra os cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos em Bangladesh são: paranoia ditatorial, opressão islâmica, hostilidade etno-religiosa, nacionalismo religioso.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores de hostilidades, violentos ou não violentos, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Bangladesh são: líderes religiosos não cristãos, partidos políticos, oficiais do governo, líderes de grupos étnicos, cidadãos e quadrilhas, parentes, grupos paramilitares, redes criminosas, grupos religiosos violentos.
Pedidos de oração de Bangladesh
- Ore por proteção, cura, alento e força aos cristãos atacados em Bangladesh.
- Muitos cristãos em Bangladesh foram afetados por um ciclone em maio de 2024. Interceda para que os cristãos atingidos sejam restaurados e capazes de ter esperança, mesmo lidando com a perseguição e as consequências do desastre natural.
- Louve a Deus pelos seguidores de Jesus que continuam a viver como sal e luz, mesmo que isso os coloque em risco.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DE BANGLADESH
Embora Bangladesh exista como um país independente apenas desde o final do século 20, seu caráter nacional dentro do contexto sul asiático mais amplo data do passado antigo. A história do país, então, está interligada com a da Índia, Paquistão e outros países da área.
Bangladesh tem uma longa história de agitação e é um Estado relativamente novo, tendo obtido independência do Paquistão em 1971, o que significa que celebrou seu 50º aniversário apenas em 2021. Desde então, governos civis e militares têm se revezado no poder. Eleições, no geral, são acompanhadas de violência, com a oposição denunciada como tendo fortes ligações com grupos extremistas islâmicos e em anos recentes quase não existindo mais.
O país tomou uma direção de autoritarismo desde 2015 e não tem oposição parlamentar efetiva desde que o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP) boicotou as eleições nacionais de 2014. Ao invés do debate parlamentar, em 2015, o BNP foi às ruas e o governo da líder da Liga Awami, Sheikh Hasina, reprimiu a livre expressão da sociedade civil. Líderes-chave de oposição foram presos, acusados de sérias ofensas, algumas das quais foram inventadas. Muitos permaneceram escondidos, temendo ser presos. A líder de oposição Khaleda Zia e seu filho foram presos e condenados em fevereiro e outubro de 2018. Em março de 2020, Zia foi temporariamente solta por questões de saúde e a soltura se estendeu por mais seis meses até setembro de 2020. Forças de segurança cometeram sérios abusos, inclusive mortes, “desaparecimentos” e prisões arbitrárias, com pouca investigação ou processo legal sendo realizados.
As eleições de dezembro de 2018 não foram melhores — ao menos 17 pessoas foram mortas em todo o país e observadores reportaram incidentes de fraude eleitoral, prejudicando os resultados e a oposição. Consequentemente, Sheik Hasina ganhou seu terceiro mandato consecutivo como primeira-ministra e não precisou temer nenhum controle do parlamento, pois seu partido ganhou 96% dos votos. A oposição foi então efetivamente eliminada.
Cristãos geralmente não são ativos na política e tentam não se envolver em questões políticas, mas é claro que estão na mesma situação política polarizada e enfrentam a mão pesada das autoridades e dos serviços de segurança como ninguém mais. Como uma minoria religiosa, são cada vez mais vulneráveis devido à falta de recursos de apoio e ligações políticas; por isso, podem ser usados facilmente como bodes expiatórios.
HISTÓRIA DA IGREJA EM BANGLADESH
O cristianismo fez suas primeiras incursões na região agora chamada Bangladesh no final do século 16 e início do século 17. Os comerciantes portugueses e os missionários católicos romanos alcançaram suas costas perto da cidade de Chittagong, no que foi chamado de “Sultanato de Bengala”, e construíram suas primeiras igrejas.
O missionário batista William Carey chegou a Serampore de Bengala Ocidental em 1793. Esse inglês anunciou uma nova era missionária em Bengala, traduzindo e imprimindo a Bíblia em bengali e o primeiro dicionário da língua bengali. Ele também ajudou a desenvolver fontes tipográficas bengali para imprimir e estabelecer a Serampore Mission and College (primeira organização missionária e faculdade teológica no país), além de publicar jornais e periódicos. O sistema escolar em Bangladesh se deve ao trabalho de William Carey.
Com ele veio a Sociedade Missionária Batista (britânica) em 1793, seguida pela Sociedade Missionária da Igreja (britânica) em 1805, Conselho para a Missão Mundial (presbiteriano britânico) em 1862, Missão Batista Australiana em 1882, Missão Batista da Nova Zelândia em 1886, Missão de Oxford (britânica anglicana) em 1895, Igreja de Deus (americana) em 1905, Adventista do Sétimo Dia em 1919, Assembleia de Deus em 1945, Missão de Santal (luterana) em 1956, Missão de Bangladesh da Convenção Batista do Sul (americana) em 1957 e Associação de Batistas para Evangelismo Mundial (americana) em 1958. Após a Guerra da Independência em 1971, houve o influxo de mais sociedades missionárias protestantes em Bangladesh.
CONTEXTO DE BANGLADESH
Lar de quase 150 milhões de muçulmanos de maioria sunita, até recentemente Bangladesh conseguiu manter-se livre do tipo de radicalismo que atormentava outras partes do mundo e Sul da Ásia. Mas, infelizmente, há fortes sinais de que isso está mudando. A decisão do governo, em janeiro de 2017, de tornar os livros didáticos mais ajustados aos grupos islâmicos conservadores é um sinal nesse sentido. Nos livros didáticos da primeira série está impressa a letra “o”, representando o orna, que é o véu usado na cabeça a partir do início da puberdade por uma menina muçulmana devota — isso é apenas um exemplo de uma tendência ao islamismo.
Um livro didático da sexta série substituiu um relatório de viagem ao Norte da Índia (país vizinho) por um relatório sobre o rio Nilo, no Egito. Outros livros também foram alterados, como por exemplo não mais usando nomes que soam como hindus ou cristãos. No entanto, essa nova tendência não apoia a violência — o governo decidiu banir os capítulos que falavam sobre jihad (guerra santa) dos livros didáticos do Ensino Fundamental 2. Entretanto, em maio de 2018, o partido no poder, Liga Awami, aceitou um pacote de um bilhão de dólares da Arábia Saudita para construir 560 mesquitas em todo o país. Como o fundo não se materializou, o Estado de Bangladesh interveio, um fato que levou líderes católicos a pedir por fundos iguais para todos os prédios e instituições religiosas.
Cerca de 9% da população é hindu e sofre ataques de muçulmanos radicais. Budistas e religiões étnicas completam a mistura de religiões em Bangladesh, e apesar de pequeno em número, convertidos dessas religiões podem estar sob forte pressão de suas famílias e comunidades. Os cristãos são uma pequena minoria, experimentam marginalização e, se também pertencem a minorias étnicas, enfrentam dupla vulnerabilidade.
Os cristãos de origem muçulmana vivem sob pressão de grupos islâmicos radicais ou da cultura islâmica em seus bairros. Eles enfrentam muita violência. As igrejas e todas as religiões minoritárias se esforçam para se manter afastadas da política, embora notem um crescente conservadorismo islâmico no país. As minorias cristãs e outras estão gerando vários grupos de lobby.
Os cristãos de origem muçulmana, hindu, budista ou tribal enfrentam a perseguição mais severa em Bangladesh. Eles frequentemente se reúnem em igrejas domésticas pequenas ou em grupos secretos devido ao medo de ataques. Igrejas evangelísticas — muitas delas pentecostais — que trabalham entre a maioria muçulmana enfrentam perseguição, mas mesmo igrejas históricas como a Igreja Católica Romana são cada vez mais confrontadas com ataques e ameaças de morte.
Os cristãos tribais, como os da tribo shantal, enfrentam dupla vulnerabilidade, pertencentes a uma minoria étnica e religiosa, vivenciam constante violência contra eles. Os cristãos rohingya de origem muçulmana que fugiram de Mianmar para Bangladesh também enfrentam intimidação e forte pressão da comunidade.
Famílias e comunidades são fontes de perseguição e monitoram as atividades dos convertidos, sobretudo nas áreas rurais, isso restringe a vida cotidiana deles mais do que os grupos radicais no momento. O fato de o governo estar combatendo grupos islâmicos que são conhecidos por ter conexões com o partido da oposição não ajuda a acalmar a situação política volátil.
Bangladesh é densamente povoado: é a oitava nação mais populosa do mundo, com cerca de 171 milhões de pessoas, e a terceira nação muçulmana mais populosa, depois da Indonésia e do Paquistão. Ele continua entre os países mais pobres do mundo, apesar de um progresso notável nos últimos anos.
Apesar de todo crescimento econômico, a distribuição de renda é desigual e a pobreza ainda é um grande problema. Essa desigualdade já existia antes da crise da COVID-19 chegar, mas as consequências da pandemia podem ter levado mais de 16 milhões de pessoas de volta à categoria da pobreza em 2020. Embora os números ainda sejam difíceis de encontrar, milhões de trabalhadores da indústria do vestuário e outras perderam o emprego. Isso coloca as áreas rurais sob um problema duplo: famílias em áreas rurais conseguiam sobreviver devido ao recebimento de dinheiro enviado por membros da família que trabalham nas cidades, entretanto, esse dinheiro não está mais disponível. E o plano B de voltar para as áreas rurais para trabalhar nas plantações foi severamente limitado pelos desastres naturais que atingiram o país em 2020. É provável que os 38,6% dos trabalhadores da agricultura tenham dificuldade para pagar as contas.
Alfabetização e educação continuam sendo os maiores desafios para Bangladesh e mesmo o número de matrículas estando alto, assim também é o número de desistências, mesmo se tratando de nível primário (18%). A taxa de desistência é de 30% no nível secundário. E enquanto, por um lado, o Banco Mundial está louvando esse progresso, por outro, é preciso lembrar que ainda há muito a ser feito.
Aproximadamente um milhão de refugiados muçulmanos rohingya do vizinho Mianmar têm colocado a estrutura social e econômica do país sob um enorme estresse desde 2017, principalmente no distrito de Cox’s Bazar. Em um desenvolvimento muito positivo, as autoridades de Bangladesh anunciaram, no fim de janeiro de 2020, que ofereceriam educação formal para crianças refugiadas rohingya, em colaboração com a UNICEF. Porém, esses programas foram afetados pelas restrições da COVID-19 e o processo de realocação voluntária de refugiados para um campo localizado em uma ilha chamada Bhashan Char, que observadores descrevem como “propensa à inundação”, criou muita ansiedade na comunidade de refugiados. Entretanto, o local foi visitado por oficiais da ONU em maio de 2021 que endossaram a realocação de mais de 100 mil pessoas.
Apesar de ser etnicamente homogêneo em grande proporção, com 98% da população sendo bengalesa, também existem minorias em Bangladesh, como o povo chakma. Além disso, há os chamados “povos tribais do monte” em Chittagong Hill Tracts, como os garo e os shantal, povos que incluem um grande número de cristãos. Os povos tribais do monte são negligenciados e discriminados pelas autoridades e intimidados pela comunidade majoritária, por exemplo, com apropriação de terras. Os cristãos entre eles enfrentam dupla vulnerabilidade, por serem tribais e cristãos.
Bangladesh é uma sociedade profundamente patriarcal na qual espera-se que homens e mulheres assumam papéis de gênero tradicional; como reflexo disso, mais de 50% dos homens em Bangladesh pensam que é inaceitável que uma mulher tenha um trabalho assalariado. É extremamente desafiador para homens e mulheres cristãos encontrarem aceitação em suas famílias e comunidades; a conversão é vista como uma traição a cultura e religião nacional.
Devido às normas do patriarcado, homens sempre se convertem primeiro e são agredidos por traição a sua religião e cultura. Mulheres também enfrentam violência física e são comumente violentadas sexualmente. Há uma ampla aceitação na sociedade para a violência baseada em gênero. De acordo com o Human Rights Watch, 70% das mulheres casadas experimentam alguma forma de abuso do parceiro. Apenas 3% das vítimas exigem ações legais, o que reflete como é difícil para as vítimas obterem justiça devido ao estigma social vinculado à violência sexual.