Um exemplo de fé em meio à Guerra da Coreia

Você se lembra de Hea-Woo (pseudônimo)? A cristã norte-coreana esteve no Brasil em 2019 e 2015 para compartilhar seu testemunho com milhares de cristãos. Até hoje sua história de fé continua sendo relevante e inspiradora.
A família de Hea-Woo vivia em uma cidade no litoral da Coreia do Norte quando a Guerra da Coreia começou em 1950. “Eu tinha só cinco anos, mas ainda lembro desse dia muito bem. Nossa família não podia fugir porque minha mãe estava com malária em estado grave”, conta Hea-Woo.
Quando a grande maioria dos vizinhos já havia se refugiado, soldados vieram e forçaram todos a migrar para o Norte. “Nós nos escondíamos de dia e caminhávamos à noite. Meu irmão tinha apenas um ano de idade, então minha mãe o carregava. Meus pés chegaram a sangrar com as longas caminhadas.”
Até mesmo os soldados se compadeceram da pequena Hea-Woo e a carregaram nas costas. Ainda assim, a fome e o terror eram constantes. Sirenes alertavam sobre ataques aéreos, e o grupo quase foi atingido por um bombardeio em uma vila.
Enquanto as bombas sacudiam a terra, Hea-Woo ouvia outro som: as orações sussurradas de sua mãe. “Ela acordava no mesmo horário todas as noites, sussurrando e chorando. Na época, eu pensava que era por causa de sua doença, mas depois que me tornei cristã, entendi que ela estava orando.”
A mãe de Hea-Woo raramente usava o linguajar cristão para evitar problemas, dizendo coisas como “os céus conhecem os pensamentos e os corações das pessoas, por isso, devemos ser gentis com os outros”. Mesmo assim, o exemplo de fé daquela mulher era inconfundível. Ela cozinhava para os vizinhos mais velhos, buscava remédios para os doentes e até adotou um adolescente órfão de guerra.
Conhecendo a perseguição
Em sua nova casa, Hea-Woo conheceu a perseguição de perto. Certa noite, um vizinho foi levado pela polícia, preso por “acreditar em superstições”, um código para a fé cristã. O avô de Hea-Woo, que era pastor, foi martirizado.
No período final da guerra, em 1953, a avó chinesa de Hea-Woo cruzou a fronteira para resgatar os netos. “Minha mãe colocou um doce em minhas mãos e se despediu. Eu olhava para trás, chorando e dizendo: ‘Mãe, você precisa vir também’”, conta Hea-Woo. Por razões que ela não sabe até hoje, a mãe não foi autorizada a cruzar a fronteira da China.
Hea-Woo e o irmão viveram alguns anos na China, até que o governo começou a repatriar os refugiados em 1958. Eles encontraram um país devastado pela guerra e com uma repressão ainda maior contra o cristianismo.
A mãe de Hea-Woo morreu de câncer no estômago no início dos anos 1990, pouco antes de uma crise de fome no país. “Até isso foi graça de Deus. Minha mãe foi poupada desse horror.”
Parte do mesmo corpo
Hoje, as orações de Hea-Woo são as mesmas de sua mãe. “Oro para que o regime caia e que haja uma reunificação do país com base no evangelho. Quero que as igrejas secretas se reúnam livremente”, diz Hea-Woo.
Hoje, 75 anos depois da guerra que marcou a vida de milhões de coreanos, a Coreia do Sul e do Norte ainda estão divididas. O testemunho de Hea-Woo nos mostra que o Reino de Deus não pode ser limitado por fronteiras, arames ou ideologias. “Os céus conhecem os pensamentos e os corações das pessoas, por isso, devemos ser gentis com os outros.” A mãe de Hea-Woo viveu essa verdade, e nós também podemos vivê-la.
Ajude cristãos como Hea-Woo
Faça sua doação e ajude a Portas Abertas a oferecer ajuda emergencial para cristãos refugiados norte-coreanos.
Pedidos de oração
- Interceda pela reunificação da Coreia e para que a paz de Cristo reine sobre todos.
- Ore por coragem, proteção e liberdade para a igreja secreta norte-coreana.
- Clame por novos líderes cristãos que amem a Deus sobre todas as coisas e façam a diferença no contexto atual da perseguição.
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