Evangelismo de rua em meio à repressão no Irã

Evangelismo de rua no Irã? Isso é mesmo possível? O pastor Hovan (pseudônimo) usou essa expressão tão casualmente, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Aparentemente, os cristãos no Irã evangelizam nas ruas. Entenda como é possível.  
 
“É claro que seria muito imprudente ficar em uma praça pública com um microfone pregando sobre Jesus. Então como fazemos? Vocês sabem que os iranianos sempre tentam pechinchar e conseguir bons preços quando fazem compras, mas há cristãos que simplesmente pagam o preço integral e, assim, abençoam o dono da loja – e ainda lhe dão um presente, uma Bíblia ou o filme Jesus”, diz o pastor iraniano. 
 
De acordo com Hovan, os cristãos também buscam maneiras criativas de compartilhar o amor de Jesus. “Durante a pandemia, muitas igrejas domésticas cozinhavam refeições e as distribuíam aos necessitados. Eles colocavam cartões nas caixas de alimentos com os dizeres ‘Jesus ama você’ ou ‘Você foi alimentado pela comunidade cristã’. Também há cristãos que picham versículos bíblicos à noite. É claro que o governo sempre remove esses versículos imediatamente – mas esses são alguns exemplos de como cristãos corajosos estão trabalhando para tornar Jesus conhecido no Irã.” 

Inimigos do Estado 

Para o governo iraniano, cristãos ativos no evangelismo são um dos piores males. “Se você apenas carregasse sua fé no coração, provavelmente poderia viver como cristão no Irã sem maiores problemas. Mas você pode realmente fazer isso como cristão? É disso que se trata a nossa fé? Como você pode cumprir o chamado missionário de Jesus se apenas se sentar em um quarto silencioso? Mas assim que você leva sua fé para o mundo exterior, é aí que os problemas começam”, diz o pastor Hovan.  
 
Cristãos que vivem sua fé em comunidade com outros cristãos são um empecilho para o governo, pois essa comunidade pode se multiplicar. Igrejas domésticas são consideradas uma “ameaça à segurança nacional”. Falar com outras pessoas sobre Jesus é considerado “propaganda contra o governo”. A mera posse de uma grande quantidade de Bíblias ou literatura cristã em persa é considerada evangelização intencional e é punível com até dez anos de prisão.

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