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Como é a perseguição aos cristãos no Paquistão?
As leis de blasfêmia do Paquistão são frequentemente usadas para atingir grupos minoritários, como os cristãos. Cerca de um quarto de todas as acusações de blasfêmia são dirigidas a seguidores de Jesus, que representam apenas 1,8% da população. As leis de blasfêmia preveem a pena de morte, raramente executada, às pessoas acusadas de falar contra o islã. Os acusados ficam vulneráveis a ataques ou assassinatos por multidões de extremistas islâmicos.
Em junho de 2024, um homem idoso foi morto por uma multidão após ser acusado de profanar o Alcorão (livro sagrado do islamismo). Em 2023, o ataque a casas e edifícios cristãos em Jaranwala contribuíram para um clima de medo.
Apesar de as igrejas históricas terem relativa liberdade para adoração, elas são fortemente monitoradas e alvos de ataques a bomba. As comunidades cristãs que evangelizam também enfrentam oposição considerável.
Todos os cristãos enfrentam discriminação institucionalizada e são obrigados a realizar trabalhos considerados inferiores e degradantes, como limpeza de esgotos ou trabalho em fornos de tijolos. Os seguidores de Jesus são chamados de chura, um termo pejorativo que significa “imundo”. Além disso, eles são vulneráveis ao trabalho forçado em regime de servidão.
“Estamos em uma batalha espiritual. Então, seremos Cristo – até mesmo para nossos inimigos. Mostraremos a eles que nossa fé é mais forte que o ódio deles.”
Rashid (pseudônimo), cristão paquistanês
Como as mulheres são perseguidas no Paquistão?
As mulheres e meninas cristãs no Paquistão enfrentam sequestro e abuso. Meninas de apenas sete anos de famílias pobres e com deficiência são raptadas, forçadas a se casar, abusadas sexualmente e obrigadas a se converter ao islamismo. Muitas famílias nunca mais veem suas filhas novamente, em parte porque as autoridades não punem os criminosos.
Para as vítimas que retornam, o “estigma” do sequestro e do abuso sexual tornam a mulher sem honra e com medo de um outro sequestro, pois perder a refém é considerado vergonhoso para o sequestrador.
As cristãs também estão vulneráveis a violência sexual no ambiente de trabalho e nas escolas. O tráfico humano é outro perigo que elas enfrentam no Paquistão.
Como os homens são perseguidos no Paquistão?
Os homens cristãos vivem com medo constante de acusações de blasfêmia e do impacto que isso pode ter em suas vidas. Os locais de trabalho também são desafiadores para eles, que são obrigados a assumir trabalhos perigosos e degradantes, como limpeza de esgotos, para sustentar suas famílias. Muitos cristãos lutam para sair do ciclo de trabalho forçado.
Mesmo homens cristãos de classe média enfrentam problemas. Por exemplo, os muçulmanos são encorajados a não aceitar homens cristãos em cargos superiores no ambiente de trabalho, pois os costumes islâmicos promovem uma atitude de superioridade muçulmana na sociedade. Relatos indicam que a violência sexual e o assassinato de meninos estão aumentando no Paquistão, com cristãos entre as vítimas.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos no Paquistão?
A Portas Abertas está ativa nos países do Golfo Pérsico, incluindo Paquistão, por meio da HOPE Community (Comunidade Esperança), cujo acróstico em inglês significa ajudar outros, orar e encorajar.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Paquistão?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Paquistão?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Paquistão são: opressão islâmica, paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado e opressão do clã.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Paquistão são: líderes religiosos não cristãos, grupos religiosos violentos, grupos de pressão ideológica, cidadãos e quadrilhas, parentes, partidos políticos, grupos paramilitares, oficiais do governo, líderes de grupos étnicos e redes criminosas.

Pedidos de oração do Paquistão
- Peça a Deus que transforme o coração e a mente dos líderes no Paquistão em relação às leis de blasfêmia.
- Ore para que os cristãos encontrem alegria em sua vida diária, sabendo que não são cidadãos de segunda classe aos olhos de Deus.
- Clame por proteção às mulheres cristãs, que podem ser forçadas a se casar com homens não cristãos.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO PAQUISTÃO
A civilização do Vale Indo, uma das mais antigas do mundo, com mais de cinco mil anos, viveu durante muito tempo no território que conhecemos hoje como Paquistão. No segundo milênio a. C., essa região esteve sob sucessivas invasões de grandes civilizações como os persas, os gregos, os citas, os árabes (que levaram o islã para o país), os afegãos, os turcos e o Império Mongol.
Os britânicos dominaram o Paquistão durante o século 18 e uniram o território como uma única colônia com a Índia. Em 1947, o Paquistão se tornou um estado independente da Índia, mas a separação nunca ficou muito bem resolvida. A questão religiosa também foi um fator impactante para a hostilidade entre os dois países, pois a maioria indiana é hindu e os paquistaneses, muçulmanos. Paquistão e Índia tiveram duas guerras entre si para disputar o território de Caxemira, na fronteira de ambos, e uma terceira em 1971 por conflitos étnicos relacionados aos bengalis, que resultou na independência de Bangladesh.
Além das raízes históricas compartilhadas com a Índia, o Paquistão também divide muitos momentos históricos e traços culturais com os países vizinhos Irã e Afeganistão e já esteve em disputas com outro vizinho, a China, pelo território da Caxemira. O território da Caxemira continua disputado até hoje por Paquistão e Índia.
Desde o atentado da Al-Qaeda em setembro de 2001, muitos militantes islâmicos fugiram para o Norte do Paquistão, criando insegurança e movimentos extremistas em território paquistanês.
O Paquistão sofreu com um sistema de governo instável com três fases prolongadas de ditadura militar, com a última fase terminada em 2008. Os ataques a uma escola do exército em Peshawar, em dezembro de 2014, deixando 141 mortos, levaram a uma rápida reforma da Constituição, reintroduzindo a pena de morte e estabelecendo tribunais militares especiais para casos relacionados ao terrorismo, cumprindo as exigências antigas do exército. Exército e governo ainda estão executando um plano supostamente dirigido a militantes islâmicos.
O exército foi acusado de estar por trás da queda e condenação do primeiro-ministro Nawaz Sharif devido à corrupção nos anos 1990, bem como de se intrometer na eleição de 2018, na qual a antiga estrela do críquete, Imran Khan, foi vencedor. Devido ao relacionamento cada vez mais tenso com os Estados Unidos, esse recusou-se a socorrer o país como fez antes. Como resultado, Khan teve que aceitar a oferta do FMI (Fundo Monetário Internacional) que vem com controles muito rígidos e dificuldades esperadas, especialmente para a classe média. Outra tensão com os Estados Unidos foi causada pela tomada do Talibã no vizinho Afeganistão, que foi apoiada por grupos com base no Paquistão.
O governo tem em geral trabalhado para manter grupos islâmicos violentos sob controle. Mas enquanto o exército (e com isso, o governo) tentar usar certos grupos radicais islâmicos para seus próprios propósitos e rotular alguns como “bons”, tais grupos continuarão ganhando influência e comandando mais que apenas as ruas.
Hoje, o país é governado pelo primeiro-ministro Shebaz Sharif, depois que Khan foi destituído do cargo por denúncias de corrupção. O novo governo não apresentou novas medidas ou avanços significativos na defesa da liberdade de religião e controle dos grupos extremistas no país.
CONTEXTO DO PAQUISTÃO
O Paquistão é um país populoso, com uma das maiores populações do mundo, e multiétnico do Sul da Ásia. As duas maiores cidades do país são Islamabad, a capital que fica na base do Himalaia, e Karachi, que fica na costa do Mar Arábico, ao Sul. A nação conta com diversas paisagens, de montanhas, como a famosa Cordilheira do Himalaia, a planaltos desérticos, e faz fronteira com o Irã a Oeste, Afeganistão e China a Norte e Índia a Leste.
A parte do Himalaia que fica no Paquistão ocupa uma faixa de 320 km no Norte e concentra a precipitação das monções (grande volume de chuva que atinge o Sul da Ásia em determinados períodos) que, somadas à água do derretimento das geleiras no Himalaia causam inundações frequentes no país.
O território paquistanês também é sujeito a abalos sísmicos recorrentes. Nas cidades, a falta de acesso a saneamento básico, ou seja, falta de água potável e esgoto encanado, faz com que doenças como a malária e a tuberculose sejam uma das maiores causas de morte no país.
No aspecto político e cultural, o Paquistão também tem dificuldade em encontrar sua identidade. O país estabeleceu uma democracia parlamentar que foi sucedida por repetidos golpes militares. A influência da comunidade islâmica sunita tem sido o padrão pelo qual as decisões políticas são tomadas.
Por causa dos conflitos étnico-religiosos, várias partes do país estão fora do controle do governo central, onde atos de violência às minorias religiosas são frequentes. O número de refugiados e deslocados gerados pelos conflitos também impactou a sociedade e a organização do Paquistão e da Índia.
Depois da independência, em 1947, mais de dez milhões de muçulmanos saíram da Índia para o Paquistão buscando refúgio, e quase a mesma quantidade de hindus e sikhs saíram do Paquistão para a Índia pelo mesmo motivo.
Os refugiados afegãos que chegaram nos anos 1980 promoveram a criação de madraças, escolas tradicionais islâmicas conhecidas por disseminar a influência de extremistas islâmicos associados à Al-Qaeda e ao Talibã. Enquanto algumas madraças alfabetizam os alunos e lhes ensinam matemática, muitas apenas oferecem leitura do Alcorão, estudos islâmicos e nada mais. Como não são registradas e supervisionadas, as autoridades não têm ideia real do que acontece nelas.
Grupos étnicos e como vive a população
Atualmente o Paquistão é dividido em cinco grupos étnicos principais: os punjabis, que correspondem à metade da população; os pashtuns, uma das maiores minorias do mundo sem um Estado próprio e que também está presente no país vizinho Afeganistão; os sindis, os muhajirs e os balochs, sendo esses dois últimos compostos pelos muçulmanos que fugiram da Índia.
No aspecto linguístico, o Paquistão é heterogêneo e não tem uma língua comum usada em todo o país. Cada região fala línguas próprias. A maioria delas surgiu durante o domínio mongol e apenas a língua urdu, a mais recente, não é nativa do Paquistão e, apesar de pouco usada, é considerada uma das línguas oficiais paquistanesas. Para assuntos do governo e nas escolas, o inglês é a língua franca.
Aproximadamente dois terços da população paquistanesa vive na zona rural, onde as comunidades são organizadas de modo que cada complexo de casas fique protegido, como verdadeiras fortalezas. Mais da metade da população vive na região de Punjab. Baluquistão, uma das maiores regiões, é a mais inabitada.
A extração do petróleo e de gás natural é parte dos recursos econômicos da nação. Além disso, o exército é uma carreira privilegiada, para a qual muitos jovens vão voluntariamente. O exército paquistanês é um dos maiores e mais bem treinados do mundo, por isso muitos escolhem seguir a carreira militar.
Quase todos os paquistaneses são muçulmanos ou ao menos seguem as tradições islâmicas, a maioria segue a linha sunita do islã. Há também um pequeno, mas significativo, número de cristãos no país. Ataques violentos contra cristãos aumentaram durante o regime de Zia ul-Haq, uma tendência que permanece no contexto religioso restrito do país.
HISTÓRIA DA IGREJA NO PAQUISTÃO
De acordo com os registros de Eusébio de Cesareia no século 4, tido como o pai da história da igreja, os apóstolos Tomé e Bartolomeu foram designados para Parthia (Irã moderno) e Índia. No momento do estabelecimento do Segundo Império Persa (226 d.C.), havia bispos da Igreja do Oriente no Noroeste da Índia, Afeganistão e Baluquistão (Paquistão), incluindo partes do Irã e outras regiões do Afeganistão e Paquistão, com leigos e clérigos envolvidos na atividade missionária.
O trabalho missionário católico romano decolou no continente indiano com a chegada dos portugueses no século 16 e se estabeleceu em Lahore a partir de 1579. Em tempos mais modernos, o cristianismo foi estabelecido por meio do trabalho missionário protestante no final do século 18 e início do século 19 e continuou a crescer desde então. No entanto, devido à crescente pressão em anos recentes, muitos cristãos fugiram para o exterior, para países como Sri Lanka e Tailândia.
O Paquistão experimenta uma cultura cada vez mais islâmica e é o lar de uma infinidade de grupos islâmicos radicais. É difícil rastrear os diferentes grupos islâmicos de tamanho, nome e influência variados, ao se dividirem, unirem e reaparecerem conforme precisam. O mais recente entrando na esfera pública e reivindicando as manchetes é o Tehreek-e-Labaik. A comunidade cristã sente-se cada vez mais presa entre esses grupos radicais e a cultura islâmica da sociedade paquistanesa.
Pastores cristãos podem até mesmo ser presos quando não se submetem aos desejos das autoridades. Isso envia um alerta à minoria cristã e a intimida. Os cristãos são considerados cidadãos de segunda classe e são discriminados em todos os aspectos da vida. Jovens cristãs são vítimas de abusos e casamentos forçados.
Todos os cristãos enfrentam discriminação institucionalizada, o que pode ser exemplificado pelo fato de que os trabalhos considerados como baixos, sujos ou depreciativos são oficialmente reservados aos cristãos.