Tipo de perseguição
Pontuação na pesquisa
71Religião
Capital
População
População cristã

Como é a perseguição aos cristãos na Nicarágua?
A hostilidade contra os cristãos na Nicarágua continua a se intensificar e aqueles que falam contra o presidente Ortega e seu governo são vistos como agentes desestabilizadores. Mudanças na lei nos últimos anos significam que os líderes da igreja são acusados de ser terroristas e conspiradores.
Desde que protestos contra o regime ditatorial do país irromperam, em 2018, a liberdade religiosa tem se deteriorado. Anos depois, a perseguição contra aqueles que persistem em se opor ao regime continua. Até mesmo aqueles que deram abrigo e assistência médica aos manifestantes são perseguidos.
Os cristãos que levantam a voz para denunciar corrupções e violações do governo são perseguidos e presos. Além disso, propriedades cristãs foram confiscadas, escolas cristãs, estações de TV e instituições de caridade foram fechadas, e as igrejas monitoradas e intimidadas. Em meio a essas pressões, muitos cristãos – particularmente líderes de igreja – são forçados a fugir do país. Mas muitos outros são expulsos e expatriados. Os que permaneceram foram submetidos a restrições de imigração e encontram dificuldade crescente para se deslocarem livremente dentro do país.
Os cristãos continuam a ter uma influência na Nicarágua e essa é uma das razões de o governo persegui-los, para silenciar a igreja, acabar com sua credibilidade e impedir que sua mensagem se espalhe.
“Este ano, eles negaram novamente a legalização da minha igreja, mas, aprovado ou não, nós continuamos a pregar a palavra de Deus.”
Maria, cristã da Nicarágua
Como as mulheres são perseguidas na Nicarágua?
Mulheres que são ativistas dos direitos humanos, dissidentes e parentes de adversários políticos são as que correm maior risco. Muitas vítimas não reportaram crimes cometidos contra elas pela falta de confiança no sistema judiciário. Os criminosos e os que estão na prisão sabem que receberão perdão da justiça no futuro. Há relatos de cristãs ativas na igreja que sofreram abuso doméstico.
Como os homens são perseguidos na Nicarágua?
Muitos líderes de igreja na Nicarágua são homens, eles suportam o peso da oposição do governo. Homens mais jovens também são alvo conforme são mais suscetíveis a estarem envolvidos em manifestações contra as autoridades. Estudantes são forçados a participar de eventos políticos para mostrar apoio ao regime do presidente Ortega, mesmo se seus pais discordarem. Muitos sacerdotes e líderes católicos têm sidos expulsos do país ou têm fugido por causa do risco de prisão.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos na Nicarágua?
A Portas Abertas fortalece a Igreja Perseguida na Nicarágua com distribuição de Bíblias e literatura cristã, treinamento e discipulado, ajuda emergencial, assistência jurídica e educação para pastores que não concluíram seus estudos.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos na Nicarágua?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos na Nicarágua?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos na Nicarágua são: paranoia ditatorial, opressão comunista e pós-comunista, corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos na Nicarágua são: oficiais do governo, partidos políticos, grupos paramilitares, grupos de pressão ideológica, redes criminosas.
Pedidos de oração da Nicarágua
- Interceda por proteção de Deus para os líderes que corajosamente continuam a falar contra a injustiça do governo.
- Ore para que o treinamento de preparação para a perseguição e os seminários de discipulado oferecidos pela Portas Abertas ajudem os cristãos a viver como sal e luz.
- Ore para que os cristãos que são monitorados pelo governo não sejam impedidos de compartilhar o evangelho.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DA NICARÁGUA
A Nicarágua foi o único país colonizado por espanhóis e britânicos. Em 1811, inspirados pelas lutas no México e em El Salvador, revolucionários depuseram o governo intendente da Nicarágua. Em 1860, um acordo com a Grã-Bretanha garantiu a reintegração nominal da Costa Leste ao resto do país, mas como uma reserva anônima. A jurisdição completa sobre o povo de Miskito só foi estabelecida na presidência liberal de José Santos Zelaya (1893-1909).
De 1936 a 1979, a Nicarágua foi governada pela ditadura da família Somoza, que foi finalmente derrubada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). De 1984 a 1990, Daniel Ortega se tornou presidente da Nicarágua pela primeira vez. Depois, em 2006, ele voltou a ganhar as eleições e está no poder desde então.
Ao longo dos anos, Daniel Ortega se tornou um governante autoritário. Ele virou as costas para os ideais revolucionários e chegou a se assemelhar ao ditador que depôs. Embora até recentemente o país parecesse ser um dos mais estáveis e seguros na região, desde 2018 a Nicarágua vê um enfraquecimento do Estado de direito, além de corrupção e repressão por todo o país. Agentes estatais e não estatais apoiados pelo governo miram dissidentes do regime e seus apoiadores, muitas vezes os matando.
Os esforços para prevenir a propagação da pandemia de COVID-19 foram impedidos pela falta de interesse do governo em impor confinamento, distanciamento social e medidas de quarentena. Pelo contrário, o governo incentivou celebrações de rua e outras formas de ajuntamento com potencial de riscos à saúde dos cidadãos. De acordo com a BBC, as autoridades não forneceram informações confiáveis sobre a doença e vacinas contra COVID-19. Uma crise econômica e de saúde foi, então, adicionada ao caos sociopolítico.
Organizações multilaterais e a comunidade internacional impuseram sanções à Nicarágua, acusando o governo Ortega de violação dos direitos humanos e censura à mídia antigoverno. Houve um aumento da violência durante o processo eleitoral presidencial para garantir que o presidente Ortega e seus aliados políticos permanecessem no poder. Não foi surpresa que ele teve uma vitória esmagadora em novembro de 2021.
HISTÓRIA DA IGREJA NA NICARÁGUA
A Igreja Católica Romana foi a primeira denominação cristã no país, auxiliada pela colonização espanhola. A primeira igreja foi estabelecida pelos franciscanos em 1524 em Granada, mas a maior parte do trabalho missionário durante o período colonial foi conduzida pelos jesuítas. A atividade missionária protestante (principalmente no Leste da Nicarágua) teve início com a Igreja Anglicana nos anos 1760, embora a influência dos anglicanos remontasse à presença de alguns assentamentos britânicos nos anos 1620. Esforços significativos para evangelizar crioulos e indígenas na parte leste da Nicarágua só começaram com a chegada da Igreja dos Irmãos Morávios em Bluefields, em 1849.
CONTEXTO DA NICARÁGUA
Desde que as agitações sociais começaram em 2018, líderes de igrejas (principalmente católicos romanos) foram envolvidos no diálogo oficial entre grupos de oposição e o governo, primeiro como mediadores e depois como observadores. No entanto, em março de 2019, como um ato de protesto contra a falta de comprometimento do governo e a contínua violação dos direitos humanos, a Igreja Católica decidiu suspender toda participação ativa nas conversas. Desde então, o apoio da Igreja Católica aos setores mais vulneráveis da sociedade fez com que ela se tornasse “inimigo público” do governo e seus aliados. Como resultado, líderes de igrejas e igrejas são alvo frequente de todo tipo de retaliação, incluindo a possibilidade de serem condenados por “crime eleitoral” ao exigirem respeito pelos processos democráticos.
O relatório sobre a situação na Nicarágua do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUR) publicou detalhes dos contínuos ataques, ameaças, detenções arbitrárias, assédio e intimidação de pessoas consideradas opositoras ao governo. Isso incluiu atos de intimidação e violência contra igrejas e cristãos, especialmente católicos romanos. As autoridades claramente favorecem igrejas que publicamente apoiam as ações de Ortega. Essas igrejas – principalmente protestantes – são influenciadas pelo regime para seguir as linhas do partido, seja por meio de coação ou medo. O resultado um crescente aumento na divisão entre grupos protestantes e a polarização social em relação à postura da igreja no contexto das eleições presidenciais de 2021.
Em reação ao clamor de líderes cristãos pelo chamado à preservação dos direitos humanos, houve um aumento sistemático nas hostilidades e ataques contra líderes de igrejas, principalmente bispos, padres, igrejas e organizações religiosas sob seu comando. Apesar das reações negativas do governo ao trabalho social da igreja, líderes de igrejas continuaram a apoiar a eleição presidencial de 2021.
Em 3 de novembro de 2020, o Furacão Eta atingiu a cidade de Puerto Cabezas e, em 17 de novembro de 2020, o Furacão Lota provocou deslizamentos de terra. Esses dois furacões afetaram mais de 1,8 milhões de pessoas, destruíram ou danificaram mais de 44 mil casas e mataram ao menos 21 pessoas. A principal área afetada foi a Região Autônoma da Costa Caribe Norte, onde as comunidades indígenas Miskito e Mayagna estão localizadas. Outras áreas – como Jinotega e Matagalpa – também sofreram fortes chuvas. Mesmo antes desses eventos, havia uma crescente crise social, especialmente após os protestos em 2018, que foi agravada pela má infraestrutura básica, o que limitou o acesso a serviços básicos, e pelas restrições à ajuda impostas pelo governo. Apenas poucas organizações autorizadas pelo governo, ou seja, aquelas consideradas não inimigas políticas, foram permitidas a atuar. Como consequência, a Nicarágua é um dos países mais pobres da América Latina e a situação tem piorado com a taxa de emigração.
Outro aspecto a considerar é o grau de influência do regime no setor educacional. O currículo escolar geralmente inclui programas para doutrinar crianças de acordo com a ideologia do partido governante e promove lealdade ao Movimento Sandinista. Todos os estudantes, inclusive crianças em idade escolar, são ensinados que violência, repressão e censura às ideologias antissocialistas (inclusive o cristianismo) são métodos aceitáveis para defender a pátria. Além disso, o orçamento do governo para apoiar inciativas da igreja relacionadas à educação tem diminuído drasticamente, colocando em risco a continuidade dessas atividades.
A igreja permanece como uma das instituições com maior credibilidade entre a população. O apoio humanitário oferecido pelas igrejas durante a crise de COVID-19 levou as autoridades a acusá-las de planejar um golpe. Apesar dos esforços das igrejas em ajudar a população no acesso aos serviços básicos, tais como comida, medicamentos, cuidado médico e disseminação de informações confiáveis a respeito da COVID-19 e ao processo de vacinação, elas têm enfrentado oposição do governo porque essas atividades enfraquecem o controle do regime sobre a população.