Tipo de perseguição
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População cristã

O que mudou este ano no Kuwait?
Os níveis de pressão e de violência permaneceram os mesmos em relação ao ano anterior. A pressão impede que cristãos, tanto expatriados quanto nativos de origem muçulmana, cruzem limites legais e culturais, levando a baixos níveis de ataques violentos.
“Você pode ser qualquer coisa na Península Arábia, um ateu, um comunista, mas quando você se torna um cristão, eles não aceitam mais você.”
Yacoub, cristão perseguido na Península Arábica
Como é a perseguição aos cristãos no Kuwait?
Os cristãos expatriados podem usar locais designados para adoração, mas esses são muito pequenos para o número de pessoas que se reúnem, o que pode levar a tensões entre os diferentes grupos cristãos. Obter propriedade para reuniões de adoração é extremamente difícil, embora ocorram reuniões informais. Além disso, o evangelismo é estritamente proibido e levará à expulsão do país.
Cristãos de origem muçulmana enfrentam a maior parte da perseguição, pois são pressionados tanto por membros da família quanto da comunidade local para renunciar à fé cristã. Eles correm o risco de discriminação, assédio, monitoramento de suas atividades pela polícia e intimidação por grupos de vigilantes. Além disso, a conversão do islamismo para outra fé não é oficialmente reconhecida e provavelmente levará a problemas legais em questões de status pessoal e propriedade.
Muçulmanos expatriados que se convertem ao cristianismo enfrentam pressão semelhante à de seus países de origem, pois muitas vezes vivem dentro de suas próprias comunidades nacionais ou étnicas. Devido às consequências graves, é muito difícil para os convertidos revelarem a nova fé, razão pela qual quase não há relatos de cristãos sendo mortos ou feridos por motivos religiosos
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Kuwait?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Kuwait?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra os cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Kuwait são: opressão islâmica, opressão do clã, paranoia ditatorial.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores de hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Kuwait são: oficiais do governo, parentes, partidos políticos, líderes de grupos étnicos, líderes religiosos não cristãos, cidadãos e quadrilhas
Pedidos de oração do Kuwait
- Clame por proteção e encorajamento aos cristãos de origem muçulmana que enfrentam perseguição da família, da comunidade e das autoridades.
- Interceda pela união das poucas igrejas que têm autorização para funcionar, para que sejam testemunhas do amor e da graça de Deus.
- Ore por sabedoria e compromisso com a justiça por parte dos governantes, para que governem respeitando a liberdade religiosa de toda a população.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO KUWAIT
A origem do país geralmente é colocada no início do século 18, quando um grupo de famílias de uma tribo no interior da Península Arábica migrou para a área que agora é conhecida como Kuwait. A fundação do xerifado autônomo do Kuwait data de 1756.
Durante o século 19, o Kuwait desenvolveu uma próspera comunidade comercial independente. Perto do fim do século, um governante, Abd Allah II (que reinou de 1866-1892), começou a levar o Kuwait para mais perto do Império Otomano, embora ele nunca tenha colocado seu país sob o governo otomano. Um tratado de 1899 basicamente garantiu o controle britânico dos assuntos estrangeiros. Após o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Kuwait se tornou um protetorado britânico.
Independência e descoberta do petróleo
O Kuwait tornou-se independente da Grã-Bretanha em 1961, com o Emir sempre pertencendo à família Al Sabah, que governa o Kuwait desde meados do século 18. O petróleo foi descoberto em 1930, mudando fundamentalmente o Kuwait desde então. Durante a guerra do Golfo (1990-1991), o Kuwait foi invadido pelo Iraque de Saddam Hussein e posteriormente libertado por uma coligação de forças liderada pelos Estados Unidos. O Kuwait tornou-se um aliado ainda mais forte do governo norte-americano desde então. Em 1963, o Kuwait foi o primeiro país do Golfo a estabelecer um parlamento eleito. O parlamento do Kuwait é um dos mais fortes da região, o que frequentemente levou a convulsões políticas entre eleitos (da oposição) e o governo autoritário.
Em 2011, as revoltas da Primavera Árabe inspiraram alguns protestos no Kuwait, mas com pouco efeito. No entanto, o primeiro-ministro do Kuwait, xeique Nasser al-Mohammed al-Sabah e seu gabinete, renunciaram em dezembro de 2011 devido a acusações de corrupção.
Em outubro de 2012, o parlamento foi dissolvido mais uma vez, quando havia tensões entre as forças governamentais e a oposição, composta por facções islâmicas e tribais. A crise política continuou até 2013, quando o país realizou sua terceira rodada de eleições parlamentares no prazo de 16 meses.
Avanço da oposição a partir de 2016
Nas eleições de 2016, a oposição conquistou 16 das 50 cadeiras, segundo o Índice de Transformação Bertelsmann 2018. Já em 2020, o número de assentos foi para 24, representando quase metade do parlamento. A única deputada mulher perdeu o cargo e nenhuma das 29 candidatas foram eleitas. Em março de 2021, um novo governo foi empossado pelo Emir. No entanto, o parlamento queria interrogar o primeiro-ministro Sheikh Sabah al-Khalid al-Sabah, um membro sênior da família real, sobre acusações de corrupção e como o governo lidou com a crise do COVID-19. Quando ele se recusou a ser interrogado, isso levou a um impasse com o parlamento. O Emir pode dissolver o parlamento, como já fez várias vezes no passado recente, mas novas eleições provavelmente não abafariam a agitação política. Assim, depois que o segundo gabinete renunciou em um ano e as reformas fiscais tornaram-se um problema, o Emir aprovou um gabinete com três parlamentares da oposição, um passo considerado sem precedentes.
Em setembro de 2020, o Emir Sheikh Sabah al-Ahmed al-Sabah morreu, aos 91 anos. Ele foi apelidado de “o reitor da diplomacia árabe” por supervisionar a política externa do Kuwait desde 1963. Ele foi sucedido por seu meio-irmão de 83 anos, Sheikh Nawaf al-Ahmed, que parece ser uma escolha para manter a estabilidade sobre os candidatos mais jovens da família real. No entanto, seguindo o impasse com o parlamento, parece que a relativa inexperiência política do novo Emir levou a menos influência sobre a oposição.
Direitos dos trabalhadores migrantes
Em fevereiro de 2018, surgiu uma discussão diplomática entre Kuwait e Filipinas, depois que uma doméstica filipina foi encontrada morta em um freezer, revelando o abuso das domésticas. Como reação, o presidente filipino, Duterte, impôs uma proibição de viagem de migrantes filipinos para o Kuwait. Depois que os dois governos chegaram a um acordo sobre os direitos dos trabalhadores em maio de 2018, a proibição foi retirada.
As soluções para a questão incluem o direito dos trabalhadores domésticos filipinos de manterem consigo o passaporte durante o emprego, mesmo no dia de folga. Sob o sistema kafala, os trabalhadores domésticos tinham que entregar o passaporte para seus empregadores para impedi-los de potencialmente fugir. Um blogueiro do Kuwait afirmou que os empregadores investem milhares de dólares para empregar tais trabalhadores e criticou publicamente esse novo arranjo. Ele foi posteriormente acusado de ter uma mentalidade “escravocata”. O abuso de trabalhadores domésticos é um grande problema no Kuwait, mas é difícil saber em que extensão a fé cristã de um empregado aumenta a sua vulnerabilidade.HISTÓRIA DA IGREJA NO KUWAIT
Os primeiros sinais da presença cristã no Kuwait são as ruínas das igrejas nas ilhas de Failaka e Akkaz. Os arqueólogos datam essas igrejas entre os séculos 5 e 9. Se essa última data estiver correta, o cristianismo sobreviveu à conquista do islamismo (633 d.C.) mais do que geralmente se supõe. O lugar era um mosteiro com uma igreja cercada por uma área densamente povoada, usada por uma comunidade cristã nestoriana que vivia na ilha.
No século 10, esses lugares foram desocupados. Depois disso, não há mais sinais da presença cristã no Kuwait por quase um milênio, apesar de sua posição nos impérios árabe e otomano, o que torna muito possível que, por um período, cristãos desses impérios tenham vivido e trabalhado no Kuwait.
Apenas depois que o califado se tornou um protetorado britânico, em 1899, trabalhos missionários começaram no Kuwait. Samuel Zwemer (1867-1952), da Missão Árabe da Igreja Reformada da América no Bahrein, mudou-se para o Kuwait em 1903. A Igreja Evangélica Nacional do Kuwait foi organizada no mesmo ano, apesar de não ter um prédio para adoração até 1926. Em 1910, a missão abriu uma clínica que foi transformada em hospital.
Após a descoberta do petróleo em 1937, trabalhadores migrantes da Palestina, Síria, Jordânia, Líbano, Índia e Egito chegaram ao Kuwait trazendo consigo os católicos gregos, católicos romanos, evangélicos, sírios-ortodoxos, ortodoxos gregos, a Igreja do Sul da Índia e muitas outras denominações do cristianismo. Devido à expansão do petróleo e o crescimento econômico do Kuwait desde 1973, o número de cristãos árabes e não árabes aumentou dramaticamente.
Atualmente, cerca de 12% da população do Kuwait é cristã com a Igreja Católica Romana como a maior denominação. Há uma catedral na capital, que serve principalmente para pessoas da Índia, Filipinas, Sri Lanka, Bangladesh e Paquistão, e cristãos árabes do Líbano, Egito, Jordânia, Palestina e Síria.
O Kuwait é o único membro do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, da sigla em inglês), além do Bahrein, que tem uma população cristã local que mantém cidadania. A maioria das famílias cristãs no Kuwait e no Bahrein tem origem no Sudoeste da Turquia, enquanto outras vieram do Iraque e Palestina. De acordo com algumas estimativas, há membros de 12 famílias que se identificam como cidadãos do Kuwait que nasceram cristãos e acredita-se que tenham direitos iguais a um conterrâneo muçulmano.CONTEXTO DO KUWAIT
Segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, 70% dos 1,4 milhão de kuwaitianos são sunitas. No entanto, uma minoria significativa (30%) é xiita, o que torna o governo sunita kuwaitiano cuidadoso nas relações com o Irã. O número de kuwaitianos convertidos do islamismo ao cristianismo é muito pequeno. Os cristãos são pouco menos de 300 e se originam de cristãos turcos que se estabeleceram no Kuwait no início do século 20. No geral, a maioria dos seguidores de Jesus são expatriados.
Embora o Kuwait tenha aceitado algumas das principais convenções da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos (por exemplo, o Pacto de Direitos Civis e Políticos de 1996 e o Pacto de 1996 sobre direitos econômicos, sociais e culturais), religiões não islâmicas enfrentam muita oposição.
Apesar das políticas restritivas do governo, a forte pressão sobre os cristãos não é das autoridades estatais em primeiro lugar: os cristãos temem mais os membros da sociedade conservadora do Kuwait. Há uma clara dicotomia no país entre os kuwaitianos muçulmanos e os muitos trabalhadores imigrantes, ainda mais se esses últimos são cristãos. Como resultado, devido ao abuso e à discriminação social já existentes, os cristãos contêm a expressão da fé por razões de segurança.
Em 2012, um membro do Parlamento anunciou um projeto de lei para interromper a construção de locais de culto não islâmicos. O projeto não foi aprovado, mas as igrejas ainda precisam operar com cuidado. O proselitismo de muçulmanos é ilegal e inaceitável socialmente e igrejas geralmente aplicam uma autocensura para evitar isso. Criticar o islamismo ou o profeta Maomé levará a um processo público. Até mesmo sugerir que a Constituição do Kuwait deveria ter prioridade sobre o Alcorão pode levar a acusações e ódio público. Durante os últimos anos, ativistas de direitos humanos e outros foram condenados por espalhar ateísmo e secularismo.
Tribalismo e sharia
A sociedade no Kuwait continua a ser patriarcal, conservadora e organizada de acordo com as regras tribais. A sharia (conjunto de leis islâmicas) prescreve uma ampla gama de regras para a vida pessoal, familiar e comunitária. De acordo com a lei, um cidadão do sexo masculino de qualquer religião transmite cidadania a seus filhos. Uma mulher do Kuwait precisa da permissão de seu pai para se casar. Um homem muçulmano pode se casar com mulheres muçulmanas, judias ou cristãs; uma muçulmana só pode se casar com um homem muçulmano, de acordo com a lei islâmica. Os filhos devem ser criados de acordo com a fé do pai.
Sob o sistema oficial kafala, os trabalhadores domésticos eram vinculados aos seus empregadores, que confiscavam seus passaportes e muitas vezes os obrigavam a trabalhar horas excessivas. Isso os deixou vulneráveis a abusos. De acordo com a Anistia Internacional, o governo agiu contra empregadores abusivos e traficantes nos últimos anos. Embora não sejam principalmente relacionados à fé, os migrantes cristãos no Kuwait sofrem discriminação ou abuso. A cor da pele e a origem étnica desempenham um papel significativo na determinação de quem é vulnerável a abuso: expatriados cristãos ocidentais (brancos) são muito menos propensos a sofrer assédio do que expatriados cristãos africanos ou asiáticos. Além disso, os expatriados altamente qualificados enfrentarão menos dificuldades do que os migrantes pouco qualificados.
No contexto da pandemia de COVID-19, os relatos de violência doméstica aumentaram. A situação dos trabalhadores migrantes também se agravou, pois migrantes se viram em maior risco de abuso por parte dos empregadores devido às restrições para conter a pandemia.