Tipo de perseguição
Pontuação na pesquisa
59Religião
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População
População cristã

O que mudou este ano em Burundi?
O índice de violência em Burundi cresceu devido aos números crescentes de assassinato, prisão e deslocamento forçado de cristãos, com muitos sendo obrigados a fugir de suas casas e do país.
A pressão sobre os cristãos permanece alta, com líderes da igreja sob pressão para se alinhar com os ideais dos poderes políticos dominantes.
“O problema político vigente em Burundi coloca o corpo de Cristo em uma situação delicada. Ao mesmo tempo em que é muito importante não apoiar quaisquer candidatos ou partidos políticos, é dever da igreja condenar o mal e a injustiça. É como andar na corda bamba.”
Analista da Portas Abertas
Como é a perseguição aos cristãos em Burundi?
Partidos políticos de oposição e a imprensa enfrentam sérios abusos de seus direitos. Líderes de igrejas enfrentam intimidação, e igrejas enfrentam fechamento se não ficarem do lado do partido no governo. A pressão a igrejas menores é particularmente alta, como foi o caso em períodos de pesquisa anteriores: cristãos de comunidades cristãs não tradicionais estão sob pressão para não se reunirem por não terem licença para os prédios das igrejas. Várias igrejas foram fechadas nos últimos anos.
Burundi é um país majoritariamente católico e o crescimento das igrejas evangélicas tem causado reações negativas, como acusações de “poluição sonora”. Membros da família e da comunidade também pressionam aqueles que se juntam aos novos grupos religiosos.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos em Burundi?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos em Burundi?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos em Burundi são: paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado e protecionismo denominacional.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Burundi são: oficiais do governo, redes criminosas, partidos políticos, líderes religiosos cristãos, cidadãos e quadrilhas e parentes.
Pedidos de oração de Burundi
- Clame para que os cristãos locais vivam conforme as ordenanças de Jesus e sejam relevantes para a sociedade.
- Ore por proteção e sabedoria aos pastores e líderes cristãos visados pelo governo por denunciarem as injustiças.
- Interceda para que os cristãos perseguidos continuem firmes em Cristo e tenham criatividade para se reunirem em comunhão e adoração.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DE BURUNDI
A atual área geográfica coberta por Burundi e Ruanda era governada pelos reinos de Ruanda e Urundi, nos quais a classe alta, tutsi, dominava as classes baixas da maioria hutu. A Alemanha colonizou Burundi e Ruanda como parte da África Oriental alemã no período de 1890-1916. A Alemanha perdeu a colônia para a Bélgica na Primeira Guerra Mundial. A Bélgica favoreceu os tutsis, intensificando assim as diferenças sociais entre os dois grupos. Muitos hutus foram impedidos de ocupar cargos públicos e enfrentaram desvantagens na educação. Os belgas introduziram a carteira de identidade racial em 1933. Isso dividiu a população em linhas étnicas e teve sérias consequências.
Em 1962, o Burundi tornou-se independente da Bélgica e se estabeleceu como uma monarquia constitucional. Desde a independência, o país enfrenta um conflito intratável entre as duas principais tribos, hutu e tutsi. Em 1966, um golpe instigado por autoridades tutsis derrubou a monarquia e Michel Micombero se tornou o primeiro presidente do país. A ditadura militar de Micombero foi responsável pela morte de 100 mil pessoas durante o massacre dos hutus em 1972.
Em 1993, houve um vislumbre de esperança de que o país estivesse entrando em uma nova era quando o primeiro presidente hutu eleito democraticamente, Melchior Ndadaye, assumiu o cargo. No entanto, as esperanças foram frustradas quando o presidente foi assassinado poucos meses após sua eleição. Em 1994, o parlamento elegeu Cyprien Ntaryamira, também hutu, como presidente do país. Ele foi morto junto com o presidente de Ruanda em Kigali no mesmo ano. Enquanto a situação na vizinha Ruanda estava perdendo o controle, o parlamento novamente elegeu outro presidente hutu, Sylvestre Ntibantunganya. O partido de maioria tutsi, União para o Progresso Nacional (UPRONA), decidiu se retirar do governo e essa retirada marcou o início de um período de conflito étnico que levou à morte de mais de 300 mil pessoas, principalmente civis. A guerra civil destruiu a economia do país.
A comunidade internacional tentou ajudar Burundi durante a crise, e a ONU substituiu as forças da União Africana em 2004. A missão terminou em 2007, e o país se estabilizou por meio do diálogo e de várias mudanças legais e políticas. Após a votação constitucional de 2005, que favoreceu a constituição de poder compartilhado, Pierre Nkurunziza, o atual presidente, foi eleito pelas duas casas do parlamento. Ele é das Forças Rebeldes Hutus de Defesa da Democracia (FDD). Atualmente, é acusado por muitos grupos de direitos humanos de ser responsável por graves violações dos direitos humanos. No entanto, o presidente e seus partidários estão acusando países vizinhos, como Ruanda, de interferirem em assuntos domésticos de Burundi.
Em 2010, o país realizou eleições presidenciais com a esperança de deixar para trás os conflitos anteriores, o que levou à morte de milhares de civis e deixou a economia em frangalhos. Entretanto, essas eleições apenas mostraram a verdadeira atitude autoritária do partido no poder. O partido no governo venceu as eleições sem nenhuma disputa devido a um boicote dos partidos de oposição. Isso rapidamente foi seguido pelas abrangentes e ilegais prisões de membros de partido da oposição. Sentenças de morte foram rapidamente emitidas. Restrições foram impostas quanto a liberdade de imprensa e mídia.
O assassinato de algumas altas autoridades do governo e de manifestantes preparou o caminho para a crise que eclodiu quando o presidente decidiu concorrer a outro mandato em 2015. Em maio de 2015, o Tribunal Constitucional decidiu a favor da decisão do presidente Nkurunziza de concorrer a um terceiro mandato. Houve relatos de que os juízes foram intimidados. Isso foi seguido por protestos, especialmente na capital comercial do país, Bujumbura. Uma tentativa fracassada de golpe mostrou ainda como o país está dividido e, ao mesmo tempo, que o presidente tem fortes apoiadores no exército e no aparato de segurança que abortou o golpe. O histórico geral de direitos humanos do país também se deteriorou, especialmente após as eleições gerais e presidenciais de 2015, realizadas durante a crise.
Existe o perigo de a igreja ser pega no fogo cruzado ou forçada a fazer parte do conflito de várias maneiras. Isso já podia ser visto quando a Igreja Católica denunciou o processo eleitoral de 2015. Em fevereiro de 2018, o enviado especial da ONU ao país disse que Burundi ainda não estava pronto para realizar novas eleições. Em setembro de 2018, o conselho de segurança do país suspendeu as atividades das ONGs. De acordo com o Observatório de Direitos Humanos: “Em 27 de setembro de 2018, o Conselho de Segurança Nacional de Burundi anunciou uma suspensão por três meses de organizações não governamentais internacionais. Como resultado, as operações de cerca de 130 ONGs internacionais, algumas das quais forneciam assistência para salvar vidas, foram seriamente prejudicadas”.
Em 2020, o país permaneceu volátil e opressivo. O antigo líder rebelde hutu, Évariste Ndayishimiye, do Conselho Nacional para a Defesa da Democracia – Forças para a Defesa da Democracia (CNDD-FDD) foi eleito presidente com 71% dos votos em maio de 2020, com o CNDD-FDD também ganhando 72 dos 100 assentos da Assembleia Nacional. Em junho de 2020, o presidente Nkurunziza, que deveria deixar a presidência em agosto de 2020, inesperadamente morreu aos 55 anos. Sua morte foi devido a um ataque cardíaco, mas alguns sugerem causas relacionadas à COVID-19. Ndayishimiye assumiu o cargo como presidente uma semana após a morte de Nkurunziza.
HISTÓRIA DA IGREJA EM BURUNDI
A região dos Grandes Lagos da África é uma área onde a missão cristã chegou muito tarde. Durante a segunda metade do século 19, a Igreja Católica Romana fez muitas tentativas para introduzir o cristianismo no continente africano.
Em 1879, os Padres Brancos foram enviados a Burundi para iniciar uma missão, mas não tiveram sucesso quando dois padres foram mortos nos primeiros anos. Em 1899, foram feitas novas tentativas após a reorganização do país como colônia alemã. Em 1907, os luteranos alemães começaram a trabalhar no país, mas após o fim da Primeira Guerra Mundial, na qual a Alemanha foi derrotada, Burundi passou a fazer parte do protetorado belga pela Liga das Nações. Todas as estações missionárias alemãs foram fechadas e os missionários franceses assumiram. Os batistas dinamarqueses chegaram ao país em 1928 e os anglicanos, em 1934.
CONTEXTO DE BURUNDI
De acordo com a Freedom House/Global Freedom 2021: “Enquanto a liberdade de religião geralmente tem sido observada em Burundi, as relações entre o governo e a Igreja Católica Romana, da qual a maioria dos burundianos são membros, têm piorado nos últimos anos. Em 2017, o governo estabeleceu uma comissão para monitorar grupos religiosos e evitar a subversão política entre eles. Em setembro de 2019, a Comissão de Inquérito relatou que o governo estava exercendo mais controle sobre igrejas para conter dissidências políticas. No mesmo mês, altos funcionários do governo pediram a expulsão de um grupo de bispos católicos que acusaram o partido no poder de instigar violência política”.
Burundi é um país de maioria hutu (85%), seguida por tutsis (14%). Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2020, Burundi se classificou em 185 de 189 países, com 0,433 pontos. A expectativa de vida é de 61,6 anos; a taxa de alfabetização de adultos é de 68,4%.