Tipo de perseguição
Pontuação na pesquisa
54Religião
Capital
População
População cristã

O que mudou este ano no Bahrein?
Houve uma queda no índice de violência como resultado de diminuição de relatos de ataques a cristãos. Os seguidores de Jesus de origem muçulmana enfrentam pressão significativa da família e da comunidade para renegar a fé cristã, deixar a região ou ficar em silêncio sobre sua crença.
“Para cristãos no país, qualquer revolta adiciona
pressão ao que eles já enfrentam no país.”
Yonas Dembele, analista de perseguição sobre o Bahrein
Como é a perseguição aos cristãos no Bahrein?
Um número considerável de cristãos expatriados (principalmente do Sul da Ásia) trabalha e vive no Bahrein. Eles podem praticar a fé em locais de culto privados, desde que não evangelizem muçulmanos nem falem contra o islã.
Há também um pequeno número de cristãos nativos do Bahrein. Mas os cristãos locais de origem muçulmana enfrentam hostilidade por parte da família e da comunidade. Os muçulmanos expatriados que se convertem ao cristianismo enfrentam pressão semelhante à de seus países de origem, pois muitas vezes vivem em suas próprias comunidades nacionais ou étnicas.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Bahrein?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Bahrein?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Bahrein são: opressão islâmica, opressão do clã e paranoia ditatorial.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Bahrein são: parentes, líderes religiosos não cristãos, líderes de grupos étnicos, oficiais do governo e cidadãos e quadrilhas.
Pedidos de oração do Bahrein
- Ore para que os cristãos de origem muçulmana resistam à perseguição da família, da comunidade e do governo.
- Interceda por suprimento de todas as necessidades dos cristãos que perderam o emprego por causa de Jesus.
- Clame por segurança e provisão aos cristãos que foram para o país trabalhar e enfrentam hostilidade.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO BAHREIN
O Bahrein é árabe e muçulmano desde a conquista muçulmana do século 7, embora tenha sido governado pelos portugueses de 1521 a 1602 e pelos persas de 1602 a 1783. Desde 1783, ele tem sido governo por xeiques da família Khalifah, que se originou em Al-Hasa, província da Arábia. É um país onde Irã e Arábia Saudita exercem influência significativa e é governado por um regime autoritário. O atual cenário político na região foi moldado pela Primavera Árabe que varreu a região em 2010/2011. Nenhum outro estado do Golfo foi tão atingido pelas revoltas como o Bahrein.
A maioria xiita, 60% da população, foi discriminada por um longo tempo no pequeno reino da ilha, conduzido pela família real sunita do califa. Xiitas têm menos acesso a trabalhos e habitação, menos direitos políticos e sofrem de falta de igualdade econômica e pobreza. Inspiradas pela agitação política na região, essas frustrações sociais cresceram em grande escala em fevereiro de 2011. O governo temeu que o Irã usasse as manifestações para aumentar sua influência. O governo dispersou todas as manifestações violentamente, matando e ferindo muitos. Outros países do Golfo, conduzidos pela Arábia Saudita, todos com significativas minorias xiitas, apoiaram os governantes do Bahrein por meio de intervenção militar. A ação do Irã foi limitada a ameaças retóricas. Mais protestos seguiram e continuaram até o começo de 2013. O governo do Bahrein admitiu o uso excessivo de violência e prometeu investigar o abuso de prisioneiros, fazer reformas e dialogar.
Em fevereiro de 2013, o diálogo nacional entre grupos do governo e da oposição foi retomado após um ano e meio de impasse, sem qualquer resultado substancial. A nomeação do politicamente moderado príncipe herdeiro Salman como vice-primeiro-ministro em março de 2013 é considerada um desenvolvimento positivo. Apesar disso, o progresso falhou em se materializar. Mais instabilidades, incluindo pequenos bombardeios, ocorreram durante 2017 e 2018, mas não formaram uma grande ameaça ao reino da família real.
O Bahrein se uniu à Arábia Saudita, aos Emirados Árabes Unidos e ao Egito no bloqueio ao Catar, cortando todos os vínculos e fechando todas as fronteiras com o Catar. O governo barenita provavelmente não teve escolha, já que a Arábia Saudita é seu principal protetor. Até agora, o boicote não teve maiores consequências para o Bahrein.
Em um movimento surpreendente, o Bahrein se uniu aos Emirados Árabes Unidos na assinatura do Pacto Abraâmico com Israel (e os Estados Unidos) em setembro de 2020. O Bahrein normalizou seus laços com Israel e acordos comerciais se seguiram. Alguns protestos, bem como condenações online do acordo ocorreram, aparentemente em sua maioria entre a comunidade xiita. Entretanto, quando a violência irrompeu entre Israel e Hamas, em maio de 2021, o contato continuou fora do olhar público para evitar agitações internas.HISTÓRIA DA IGREJA NO BAHREIN
De acordo com as tradições da igreja ancestral, foi o apóstolo Bartolomeu que levou o cristianismo para a Arábia. Muitos acreditam que a referência a “árabes” no Novo Testamento (Atos 2.11) aponta para o substancial crescimento nas regiões orientais como os primeiros passos da igreja.
No meio do século 3, uma diocese cristã foi estabelecida nas ilhas do Bahrein. Durante o século 4, o número de cristãos começou a crescer significativamente. Isso pode ter sido devido à perseguição aos cristãos na Pérsia que começou com o reinado de Shahpur, em 339 d.C. O Bahrein foi um atrativo e seguro refúgio, já que atuava um importante papel no comércio de pérolas da região. Os nestorianos, um ramo do cristianismo que floresceu no Sudeste do Iraque e Pérsia, levaram o cristianismo para o Bahrein.
Fundações de um monastério do século 4 foram encontradas na vila costeira de Samaheej. Outro monastério pode ter existido em uma vila chamada al-Dair, já que essa é a palavra em aramaico para monastério. Registros nestorianos mostram uma consistente presença cristã na região entre os séculos 5 e 7, como evidenciado pela participação regular de bispos barenitas nos concílios. Por exemplo, os registros do Concílio de Niceia, em 325 d.C., incluem a menção a bispos árabes que estavam presentes. Quando os exércitos árabes conquistaram o Bahrein, em 633 d.C., preparando o caminho para a introdução do islamismo, o Bahrein tinha dois bispos. Isso sugere que muitos nas ilhas adotaram a fé cristã. As duas dioceses sobreviveram até 835 d.C.
No final do século 19, a Grã-Bretanha transformou o Bahrein em um protetorado. Isso tornou possível para o cristianismo voltar para o Bahrein, inicialmente por meio do trabalho missionário da Missão Árabe de Samuel Zwemer. A fundação do Hospital Missionário Americano, em 1901, é apreciada pelo governo e pela sociedade ainda hoje.
O petróleo foi descoberto em 1930 e a crescente economia resultante, especialmente após a expansão do petróleo de 1973, resultou em um grande fluxo de trabalhadores estrangeiros de 1950 em diante. Milhares de cristãos expatriados foram ao Bahrein e uma comunidade cristã muito diversa e florescente passou a existir.
O teólogo Hrayr Jebejian escreveu: “A Catedral Anglicana de St. Christopher, fundada em 1953, por exemplo, abriga mais de 40 grupos étnicos e línguas diferentes”. Outros exemplos são a Igreja Evangélica Nacional, que em 1906 se tornou a primeira igreja a realizar cultos públicos no Bahrein, e a Igreja do Sagrado Coração, construída em 1940, que é considerada o principal centro de adoração em Manama. É a maior igreja do país e atende cerca de 140 mil pessoas, principalmente indianos, filipinos, paquistaneses, bengaleses e cingaleses.
Atualmente, uma estimativa de 11,4% da população do Bahrein é cristã; quase todos são trabalhadores expatriados. Mas o cristianismo no Bahrein também tem raízes históricas já que a nação, diferente de outros países do Golfo, também possui uma comunidade cristã nativa com cerca de 500 a mil pessoas. Isso torna o Bahrein o único país, junto com o Kuwait, no Conselho de Cooperação do Golfo, com uma população cristã de cidadãos locais, de acordo com o serviço de notícias Al Arabiya English.
Concluindo com as palavras do Hrayr Jebejian: “Do século 4 em diante, o cristianismo floresceu no Golfo e, mesmo quando ele não floresceu, mas apenas sobreviveu, permaneceu uma força cultural e espiritual no Golfo, desde então até os dias atuais”.CONTEXTO DO BAHREIN
O Bahrein tem uma população de pouco mais de 1,7 milhão, dos quais apenas metade são nativos (a maioria deles são xiitas). O resto da população consiste em trabalhadores imigrantes, dos quais um número considerável, cerca de 25%, são cristãos. A maioria dos trabalhadores imigrantes vêm do Sul da Ásia e das Filipinas.
A Constituição afirma o princípio de não discriminação, inclusive com base religiosa, e garante a “inviolabilidade da adoração”, incluindo liberdade para realizar rituais religiosos, desde que esses estejam de acordo com as tradições nacionais. A difamação pública de um grupo religioso oficialmente reconhecido ou de suas práticas é crime. As igrejas devem ser registradas no Ministério do Desenvolvimento Social e, na prática, uma liberdade considerável é dada a cristãos nativos e expatriados para praticarem a fé desde que se abstenham de atividades de evangelismo. A comunidade cristã nativa é bem respeitada e alguns deles ocupam posições no governo. Igrejas geralmente são superlotadas e terrenos foram atribuídos para a construção de novas igrejas. Entretanto, receber permissão para construir uma nova ou expandir igrejas existentes permanece difícil.
O Bahrein é um país conservador islâmico, apesar da população pluralista e uma economia moderna. As lutas e os conflitos étnicos continuam ocorrendo por baixo dos panos, e há considerável injustiça social em meio aos direitos e liberdades dos imigrantes que vivem no país. As mulheres continuam sendo vistas em papéis tradicionais, embora tenham cada vez mais permissão para participar da vida pública. Por exemplo, uma cristã barenita, Alice Samaan, foi indicada como embaixadora no Reino Unido pelo período de 2010 a 2015.
O tratamento de cristãos no Bahrein não é tanto baseado na fé, tanto quanto na cor da pele ou no contexto étnico. Expatriados cristãos ocidentais (brancos) estão mais distantes de experimentar assédio do que expatriados cristãos asiáticos ou africanos. Além disso, expatriados bem qualificados enfrentarão menos problemas do que os com pouca qualificação. Por isso, um imigrante cristão com poucas qualificações da África será o mais vulnerável no Bahrein.