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Como é a perseguição aos cristãos no Quirguistão?
No Quirguistão, as autoridades locais têm um poder considerável e tendem a estar sob a influência da comunidade muçulmana local. Isso tem fortes repercussões, especialmente para os cristãos de origem muçulmana. As igrejas ortodoxas russas experimentam menos problemas com o governo, pois geralmente não tentam evangelizar a população quirguiz.
Comunidades cristãs que se esforçam para compartilhar o evangelho podem sofrer pressão e até mesmo ataques. Os cristãos locais que se convertem do islã suportam o peso da perseguição. Alguns deles são trancados pela família por longos períodos e espancados. Professores islâmicos locais pregam contra a conversão, levando alguns cristãos de origem muçulmana a serem expulsos da comunidade.
“Jena* e sua irmã Relinda* são cristãs em uma pequena aldeia. Desde que as pessoas descobriram que acreditam em Jesus, a perseguição começou e não para. Os vizinhos foram proibidos de se comunicar com elas e alguns moradores ameaçam incendiar a casa delas.”
Contato local da Portas Abertas sobre cristãs perseguidas no Quirguistão
Como as mulheres são perseguidas no Quirguistão?
Apesar de as leis no Quirguistão darem direitos iguais a homens e mulheres, a cultura islâmica tradicional coloca as mulheres em um nível subserviente aos homens no contexto familiar. Mulheres e meninas são excluídas dos processos de tomada de decisão e expostas a violência.
Nesse contexto, as mulheres não são livres para escolher sua religião e enfrentam perseguição ao se converterem ao cristianismo. A estrutura rígida da sociedade significa que as mulheres também são alvo de perseguição, como abusos psicológicos por parte do marido ou outros membros da família. Ao longo dos anos, mulheres e meninas cristãs enfrentaram abuso verbal e físico, prisão domiciliar, casamento forçado, violência doméstica e violência sexual.
Como observado em anos anteriores, o Quirguistão tem uma longa tradição de roubo de noivas. Nas áreas rurais, as mulheres cristãs de origem muçulmana em regiões conservadoras correm o risco de serem sequestradas e forçadas a se casar com um muçulmano. Elas também estão sujeitas à prisão domiciliar como uma forma comum e socialmente aceita de colocá-las sob pressão. O acesso às redes sociais, especificamente das cristãs, é restrito na esperança de que elas retornem ao islã.
Como os homens são perseguidos no Quirguistão?
Os homens cristãos de origem muçulmana enfrentam várias formas de pressão e violência de membros da família e da comunidade local. Sabe-se que homens e meninos cristãos enfrentam abuso verbal e físico, prisão, interrogatório, multas, prisão, perda de emprego, prisão domiciliar, deserdação e exclusão da participação em instituições comunitárias.
As autoridades locais, às vezes, cooperam com os muçulmanos para bloquear o acesso dos cristãos aos fóruns comunitários. Quando se sabe que um homem é cristão, a comunidade pode boicotar ou atrapalhar seus negócios. Os homens geralmente são os chefes da família e os principais provedores, portanto, quando um cristão perde seu emprego ou negócio por causa da fé em Jesus, toda a família sofre. Os cristãos de origem muçulmana descobertos também são assediados e interrogados por sua família e comunidade local.
Em alguns casos, o imã local (líder muçulmano) também participa desses interrogatórios, ameaçando e desgastando os convertidos do sexo masculino. Quando as igrejas são invadidas, são principalmente os líderes da igreja que são detidos, interrogados e multados. Os muçulmanos consideram os líderes da igreja os principais responsáveis pela conversão do povo quirguiz. Houve casos em que os líderes cristãos quirguizes não puderam mais continuar o ministério porque seus comércios fora da igreja foram atacados.
Além disso, os homens cristãos enfrentam discriminação diária, seja no local de trabalho, no exército ou na comunidade local. A pressão é maior nas áreas rurais, longe das grandes cidades. Há um pequeno número de cristãos em órgãos governamentais, explica um especialista, “para dar a impressão de que tudo está bem”.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos no Quirguistão?
A Portas Abertas fortalece os cristãos perseguidos na Ásia Central por meio de ajuda emergencial, distribuição de Bíblias e literatura cristã, apoio em oração, treinamentos e projetos de geração de renda.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Quirguistão?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Quirguistão?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Quirguistão são: paranoia ditatorial, opressão islâmica e opressão do clã.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Quirguistão são: oficiais do governo, cidadãos e quadrilhas, partidos políticos, líderes de grupos étnicos, líderes religiosos não cristãos e parentes.
Pedidos de oração do Quirguistão
- Ore por fé e força para os cristãos quirguizes perseguidos por familiares, governo local e comunidade.
- Interceda pela segurança dos cristãos perseguidos no Quirguistão forçados a fugir de suas aldeias e casas por amor a Jesus.
- Peça a Deus que mude o coração do povo quirguiz quanto aos cristãos, para que sejam aceitos por seus amigos, familiares, vizinhos e funcionários do governo.
*Nomes alterados por segurança.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO QUIRGUISTÃO
Por estar na região de passagem de comerciantes e fazer parte da Rota da Seda, o Quirguistão possui uma cultura vasta e já esteve diversas vezes sob dominação estrangeira. Entretanto, o território era dominado por tribos e clãs independentes e só se tornou um Estado independente após a independência da União Soviética em 1991.
Entretanto, o novo governante manteve o regime comunista. Em março de 2005, o povo do Quirguistão começou a se revoltar contra o governo, o que resultou na Revolução das Tulipas. O resultado foi um golpe sem derramamento de sangue, após o presidente Askar Akayev fugir do país com a família. O governo seguinte foi democraticamente e chefiado por Kurmanbek Bakiyev.
A nova gestão logo se deparou com os mesmos problemas que derrubaram o regime de Akayev, ou seja, corrupção, ineficiência e opressão à população. Além disso, o país precisava lidar com a economia fraca, os altos níveis de criminalidade e o crescimento da militância islâmica no Vale de Fergana.
Em abril de 2010, houve as manifestações em grande escala organizadas pela oposição política. Enquanto o país estava em alvoroço, a violência entre uzbeques e quirguizes eclodiu nas cidades de Osh e Jalal-Abad. Os confrontos resultaram na morte de quase 420 pessoas, a maioria uzbeques, e outras 80 mil pessoas foram deslocadas. O presidente Bakiyev também fugiu com sua família no mesmo mês. Em seguida, um governo provisório foi formado e liderado por Roza Otunbayeva, que se tornou presidente interina, tornando-a a primeira mulher a alcançar uma posição tão alta na Ásia Central. As mudanças políticas que se seguiram transformaram o Quirguistão na primeira — e até agora única — democracia parlamentar na Ásia Central.
Roza Otunbayeva anunciou que não pretendia concorrer às eleições presidenciais de novembro de 2011. A eleição foi vencida por Almazbek Atambayev, líder do Partido SocialDemocrata e primeiro-ministro na época. Atambayev foi empossado como presidente em primeiro de dezembro de 2011 e Omurbek Babanov foi nomeado novo primeiro-ministro no mesmo dia. Sooronbai Jeenbekov tornou-se o quinto presidente do Quirguistão depois de ganhar mais de 54% dos votos nas eleições de outubro de 2017.
No entanto, o governo não tinha controle total no Quirguistão. Uma manifestação pedindo a libertação do ex-deputado Sadyr Japarov foi organizada em 2 de março de 2020 na capital do país, Bishkek. A manifestação contou com a presença de mais de 2 mil pessoas e terminou com confrontos entre manifestantes e a polícia, com 170 pessoas detidas, mas com acusações apenas contra quatro delas.
Além da libertação de Japarov, os manifestantes apresentaram uma lista de 20 pedidos às autoridades, efetivamente pedindo mudança de regime e eleições livres. No início de outubro de 2020, houve protestos em larga escala por causa dos resultados das eleições parlamentares. Isso levou à renúncia do presidente Jeenbekov em 15 de outubro de 2020.
De acordo com a BBC News, mais de 1.200 pessoas ficaram feridas e uma pessoa foi morta em confrontos de rua. Sadyr Japarov, um político nacionalista, foi liberto da prisão e assumiu o cargo de presidente interino até que as eleições pudessem ocorrer em 2021.
Depois de vencer as eleições presidenciais em 10 de janeiro de 2021, Japarov prometeu combater a corrupção e permitir mais transparência nas operações do governo. A Comissão Eleitoral Central informou que Japarov recebeu pouco mais de 79% dos votos. Havia 17 candidatos na corrida presidencial e o rival mais próximo recebeu apenas 6,7% dos votos.
HISTÓRIA DA IGREJA NO QUIRGUISTÃO
As origens cristãs no território são dos séculos 7 e 8, quando o cristianismo nestoriano se espalhou pelo Sul da Ásia Central e chegou ao Quirguistão. Isso aconteceu quase na mesma época em que o islã entrou no país. Após a invasão dos mongóis, os cristãos nestorianos continuaram a viver em paz até que os governantes mongóis se converteram ao islamismo. Um deles foi Timur Lenk (1336-1406) que erradicou o cristianismo da região no século 14. A partir do século 16, o Quirguistão tornou-se parte do principado uzbeque de Khiva e Bukhara.
Em 1867, o Império Russo expandiu seu território para a Ásia Central durante várias campanhas militares, conquistando os dois principados. O regime trouxe russos étnicos, que pertenciam principalmente à Igreja Ortodoxa Russa. Durante a Segunda Guerra Mundial, Joseph Stalin ordenou a deportação de um grande número de alemães, ucranianos, poloneses e coreanos para a Ásia Central. Com eles, várias denominações cristãs chegaram ao Quirguistão.
Desde o final da década de 1980, e especialmente desde o colapso da União Soviética em 1991, muitos cristãos não quirguizes emigraram. Isso fez com que várias igrejas lutassem pela sobrevivência. Mas também houve um desenvolvimento positivo, com a melhora da liberdade religiosa no Quirguistão, grupos cristãos não tradicionais aproveitaram a oportunidade para chegar ao país. O evangelismo no Quirguistão foi muito mais bem-sucedido do que em outros países da Ásia Central.
As principais denominações oficiais hoje são a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Ortodoxa Ucraniana, com a maioria de seus membros pertencentes às minorias étnicas russa e ucraniana.
CONTEXTO ATUAL DO QUIRGUISTÃO
De acordo com o World Christian Database (WCD), os muçulmanos representam 87,7% da população e são predominantemente sunitas. A influência do islamismo tradicional sufi é considerável, especialmente na zona rural montanhosa, onde as pessoas visitam regularmente os túmulos de antigos líderes muçulmanos.
O governo do país, no entanto, é estritamente secular. A proporção relativamente alta de agnósticos e ateus (7,1%) é resultado de 70 anos de doutrinação ateísta pelos comunistas durante a era soviética. Os representantes dessa categoria encontram-se principalmente nas grandes cidades. As áreas rurais tendem a ser tradicionalmente muçulmanas.
O crescimento inicial do cristianismo no Quirguistão, após a independência em 1991, parou e os números agora estão diminuindo. Como em muitos outros países da Ásia Central, as igrejas no Quirguistão estão experimentando a emigração de membros russos, ucranianos e alemães.
Um dos maiores problemas para os cristãos no Quirguistão e em outros países da Ásia Central é o fato de que há pouca cooperação entre as várias denominações cristãs. As leis podem ser restritivas, mas as congregações que não conseguem obter registro ainda podem funcionar como igrejas domésticas. Os cristãos sabem que as reuniões podem ser interrompidas, mas isso não ocorre com muita frequência.
Um fator importante que domina a vida social no Quirguistão é a cultura fundada em valores e tradições islâmicas. Mesmo os 70 anos de ateísmo, durante a era soviética, não conseguiram acabar com isso. As áreas rurais são particularmente afetadas e, como resultado, os cristãos nessas áreas — especialmente os de origem muçulmana — não apenas precisam lidar com a opressão do governo, mas também da sociedade ao seu redor. Por exemplo, houve relatos de enterros de convertidos ao cristianismo sendo proibidos em aldeias muçulmanas.
O Quirguistão ficou em 124º lugar de 180 países no Índice de Percepção de Corrupção 2020 (IPC 2020). A corrupção é generalizada e atinge os mais altos estratos políticos, como foi demonstrado pela renúncia do primeiro-ministro Mukhammedkalyi Abylgaziev, em junho de 2020. Os legisladores levantaram suspeitas sobre o envolvimento dele na venda de frequências de rádio com o envolvimento de uma empresa líder de televisão a cabo e uma grande empresa de telecomunicações, mesmo não tendo sido nomeado na investigação oficial.
Além disso, a sociedade começou o ano de 2020 com denúncias de violência doméstica grave. Pelo menos três mulheres foram mortas por seus maridos ou parceiros nos primeiros 14 dias do ano. De acordo com o Ministério do Interior, dos quase 6.145 casos de violência doméstica registrados pela polícia em 2019, apenas 649 resultaram em processos criminais.
O Observatório dos Direitos Humanos (ODH) acrescentou que a violência doméstica é subnotificada e que faltam dados confiáveis. A pesquisa do ODH em 2015 e 2019 descobriu que a má resposta policial e judicial, a falta de serviços — como abrigos — e a pressão social de famílias e autoridades inibem as vítimas de prestarem queixa. Aqueles que procuram ajuda e justiça muitas vezes não recebem o apoio ou a proteção necessária
Com a chegada da COVID-19 no Quirguistão no início de 2020, houve graves repercussões sociais, como o crescimento da violência doméstica e a preocupação com o aumento das infecções com a escassez de profissionais médicos, leitos hospitalares, medicamentos e equipamentos. No entanto, de acordo com os números da Organização Mundial da Saúde (OMS), as mortes relacionadas à COVID-19 foram inferiores a 1.400 ao longo de 2020.
A alta taxa de alfabetização significa que as pessoas interessadas na mensagem cristã podem ler materiais cristãos em seu próprio idioma. As restrições impostas pelo governo (todos os materiais devem ser aprovados oficialmente e apenas grupos registrados podem estar ativos na distribuição) significam que a maior parte desse trabalho deve ser feito de forma não oficial.