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Como é a perseguição aos cristãos no Egito?
No Egito, os cristãos enfrentam discriminação em suas comunidades. As mulheres cristãs são assediadas nas ruas, principalmente nas zonas rurais, e as crianças cristãs sofrem bullying na escola.
Grupos muçulmanos forçam os cristãos a abandonar suas casas após acusações de blasfêmia. Esses incidentes ocorrem principalmente no Alto Egito, onde grupos islâmicos radicais atuam. O partido Salafi al-Nour, apesar de ser um partido religioso, opera legalmente e exerce uma forte influência nas zonas rurais mais pobres.
O presidente egípcio, al-Sisi, fala positivamente sobre os cristãos e tenta promover a unidade, mas as autoridades locais falham em proteger os cristãos de ataques. É difícil construir novas igrejas no Egito, e os cristãos enfrentam hostilidade e violência de suas comunidades.
Além da pressão da comunidade, cristãos de origem muçulmana também enfrentam forte pressão da família para retornarem ao islamismo. As autoridades detêm e intimidam esses convertidos, dificultando viver abertamente a fé cristã.
“Os professores e os colegas costumavam zombar de mim dizendo que os cristãos são loucos e que adoramos três deuses. Certa vez, uma colega muçulmana me disse que me mataria porque sou cristã.”
Julie (pseudônimo), adolescente cristã egípcia
Como as mulheres são perseguidas no Egito?
Na zona rural, as jovens cristãs são vulneráveis ao assédio de extremistas islâmicos. Todos os anos, muitas jovens e meninas desaparecem, geralmente devido a envolvimentos com homens muçulmanos. A polícia, às vezes, intervém e devolve as moças às famílias, mas muitas autoridades parecem coniventes ou apáticas com a prática.
Em janeiro de 2023, três homens foram considerados inocentes após atacar e humilhar uma idosa cristã. O caso mostrou que os perseguidores agem com impunidade em um ambiente com uma forte cultura de honra e vergonha, além de um desequilíbrio de poder entre a maioria muçulmana e a minoria cristã.
O medo da violência faz com que muitas mulheres tenham receio de sair de casa sem a companhia de um homem. Algumas meninas cristãs são enganadas e forçadas a casamentos precoces, principalmente as de famílias mais pobres. O casamento infantil é comum nas zonas rurais, e as meninas muitas vezes não podem frequentar a escola.
As mulheres têm poucos direitos no casamento e precisam da permissão de um guardião masculino para se casar. As cristãs de origem muçulmana enfrentam abusos severos, incluindo prisão domiciliar, agressão e podem ser mortas com a justificativa de proteger a honra da família. Por causa da fé, muitas vezes perdem o direito de ficar com seus filhos e seus direitos de herança.
O Egito tem altas taxas de assédio sexual e violência, mas muitos casos não são denunciados devido ao medo e à vergonha. Estima-se que 20 mil casos de abuso sexual sejam denunciados anualmente, e que 90% das mulheres enfrentem alguma forma de assédio sexual. O país também possui uma das maiores taxas de mutilação genital feminina do mundo.
Como os homens são perseguidos no Egito?
Os homens cristãos são tratados como cidadãos de segunda classe e poucos ocupam posições de destaque no exército ou no governo. O desemprego é um grande problema, ainda mais no Alto Egito, onde os jovens cristãos enfrentam dificuldades para encontrar emprego e, às vezes, são pressionados a abandonar a fé por razões financeiras.
A discriminação é comum, até mesmo quando os nomes são cristãos. Por exemplo, nos últimos 30 anos, apenas doze jogadores cristãos participaram da Premier Football League do Egito. Essa discriminação dificulta que homens cristãos sustentem suas famílias, prejudicando sua autoconfiança e levando a taxas mais altas de violência doméstica e divórcio.
Líderes de igrejas, que são majoritariamente homens, enfrentam riscos de assassinato. O assédio a líderes religiosos e suas famílias causa medo e tem levado mais cristãos a deixar o país. Aqueles que denunciam injustiças têm grandes chances de se tornarem alvos, tanto das autoridades quanto dos extremistas islâmicos.
Cristãos de origem muçulmana enfrentam perseguição severa e podem precisar fugir do país. Muitos abandonam suas cidades para escapar da perseguição e acabam afastados dos filhos.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos no Egito?
A Portas Abertas trabalha por meio de parceiros locais no Egito que apoiam a igreja por meio de cursos de alfabetização, suporte educacional, advocacy (mobilização em defesa de cristãos), assistência médica e ministérios de jovens, mulheres e família.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Egito?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Egito?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Egito são: opressão islâmica, paranoia ditatorial, protecionismo denominacional.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Egito são: cidadãos e quadrilhas, parentes, oficiais do governo, líderes religiosos não cristãos, grupos religiosos violentos, líderes religiosos cristãos.
Pedidos de oração do Egito
- Ore por proteção, provisão e coragem aos egípcios que deixaram o islamismo para seguir a Jesus.
- Clame pelos cristãos que enfrentam discriminação e abuso no trabalho e na sociedade por causa de sua fé. Peça que confiem e tenham a certeza do amor de Deus.
- Interceda pela cura física, emocional e espiritual dos cristãos atacados e das famílias que perderem entes queridos por causa da intolerância religiosa.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO EGITO
O Egito foi lar de uma das principais civilizações do antigo Oriente Médio e, como a Mesopotâmia mais ao Leste, foi o local de uma das mais antigas sociedades alfabetizadas e urbanas. O Egito faraônico prosperou por três mil anos por meio de uma série de dinastias nativas que foram intercaladas por breves períodos de governo estrangeiro.
Após Alexandre, o Grande conquistar a região em 323 a.C., o Egito urbano se tornou uma parte integral do mundo helenístico. Em 30 a.C., o que agora é o Egito foi conquistado pelos romanos e permaneceu parte do sucessor dos romanos, o Império Bizantino, até a conquista dos exércitos árabes muçulmanos entre 639 e 642.
O Egito se tornou um dos centros culturais e intelectuais do mundo islâmico e árabe, um status que foi fortalecido em meados do século 13, quando exércitos mongóis saquearam Bagdá e acabaram com o Califado Abássida. Em 1517, o Império Otomano derrotou os sultões Mamluks que estavam no poder e estabeleceu controle sobre o Egito, que durou até 1798, quando Napoleão I liderou o exército francês em uma breve ocupação no país.
A ocupação francesa, que acabou em 1801, marcou a primeira vez que um poder europeu conquistou ou ocupou o Egito, e definiu o cenário para um futuro envolvimento europeu. A localização estratégica do Egito sempre fez dele um centro para rotas de comércio entre África, Europa e Ásia, mas essa vantagem natural foi melhorada em 1869 com a abertura do Canal de Suez, conectando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. O Reino Unido ocupou o Egito em 1882 e continuou exercendo forte influência no país até após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Século 20 em diante
Em 1952, um golpe militar instalou um regime revolucionário que promoveu uma combinação de socialismo e nacionalismo pan-árabe. Durante a Guerra Fria, o papel central do Egito no mundo de fala árabe aumentou sua importância geopolítica já que o nacionalismo árabe e as relações interárabes se tornaram forças políticas poderosas e emocionais no Oriente Médio e Norte da África.
Depois de servir como presidente por três décadas (de 1981 a 2011), Hosni Mubarak foi forçado a renunciar durante a Primavera Árabe. Os manifestantes apresentaram demandas por mais liberdade política e expressaram o descontentamento da população com a situação social e econômica do país. Em junho de 2012, após uma breve transição, Mohamed Morsi, um político que era membro sênior da Irmandade Muçulmana, ganhou as eleições presidenciais com 52% dos votos. “Vitória para o islamismo” foi um slogan amplamente usado em sua campanha eleitoral, o que elevou os níveis de medo entre a minoria copta. Uma vez no poder, Morsi assumiu poderes executivos ditatoriais que alienaram muitos egípcios.
Manifestações populares foram organizadas por um grupo chamado Tamarrod que gozava do apoio da polícia, do exército, dos empresários e das figuras religiosas e cristãs proeminentes. Em última análise, o exército interveio e expulsou o presidente Morsi, alegando que não havia respondido satisfatoriamente às demandas do povo egípcio. O exército adotou seu próprio roteiro de transição que culminou com a adoção de uma nova Constituição e a realização de novas eleições parlamentares e presidenciais.
No final do processo, o marechal de campo Abdul Fattah al-Sisi emergiu como o novo homem forte egípcio. Al-Sisi foi ministro da Defesa durante o governo de Morsi e era a principal figura por trás da expulsão de Morsi. Ele foi saudado por alguns como um herói que salvou o Egito das garras da Irmandade Muçulmana, enquanto outros afirmam que seu governo é um sinal claro do retorno do Egito aos velhos tempos de autocracia apoiada pelo exército.
Uma vez que a nova Constituição foi adotada, al-Sisi se candidatou para presidente como civil e — dado o culto à personalidade que foi construído em torno dele antes das eleições — não era surpreendente que ele ganhasse as eleições com esmagadora maioria. Após a ascensão de al-Sisi ao poder, houve uma repressão em larga escala contra a Irmandade Muçulmana. Em março de 2018, al-Sisi foi reeleito com 97% dos votos. Essa vitória massiva é uma clara indicação de quão efetivamente toda oposição foi destituída durante seu primeiro mandato.
Em fevereiro de 2019, os membros do parlamento votaram (e depois foi aprovado em um referendo) uma extensão do mandato presidencial para permitir que o presidente al-Sisi permaneça no gabinete por outros 12 anos depois de terminar seu atual mandato. Novas emendas também aumentaram o poder do exército, que já é a força dominante na política egípcia. A situação política está gerando alguma tensão no país, pois até mesmo alguns dos apoiadores de al-Sisi estão bem frustrados pela forte influência do exército no que diz respeito às decisões políticas e econômicas do país. A popularidade do presidente al-Sisi está diminuindo e a esperança de que ele seja capaz de assegurar as necessidades básicas dos egípcios de baixa renda é pouca.
A pandemia da COVID-19 atingiu fortemente o país em 2020. Toda a crise da COVID-19 no Egito foi acompanhada de muitas fake news e teorias da conspiração, com alguns líderes muçulmanos e cristãos alegando que muçulmanos ou cristãos não pegariam o vírus. Entretanto, não ajudou que o governo egípcio prendeu trabalhadores da saúde que ousaram criticar a abordagem do governo sob leis de antiterrorismo. Apesar da soltura de alguns prisioneiros políticos por causa do vírus da COVID-19, o governo egípcio não libertou os ativistas coptas Ramy Kamel e Patrick George Zaki — a única “coisa errada” que fizeram foi destacar a situação dos coptas egípcios. Zaki foi liberado em dezembro de 2021. Esse é um indicativo de que o presidente al-Sisi não tenha sido completamente sincero em sua declaração pública em 2014 de ser um “protetor” da comunidade cristã; ou apenas enquanto ela o apoiar.
HISTÓRIA DA IGREJA NO EGITO
A Igreja Ortodoxa Copta se orgulha da tradição que nomeia o apóstolo Marcos como o fundador do cristianismo no Egito. Em Alexandria, uma igreja vibrante desenvolveu sua própria escola teológica no segundo século. Esse foi o lar do pai da igreja, Atanásio de Alexandria (373 d.C.), que foi um dos primeiros teólogos da igreja, conhecido principalmente por sua defesa de Deus como uma trindade. Inicialmente, a igreja era sobretudo um fenômeno grego nas cidades, mas a população egípcia original se voltou rapidamente para a nova fé também. O Egito se tornou o berço do monasticismo; o monastério de Santo Antônio se tornou um importante modelo para o monasticismo em toda a Europa.
A perseguição sob a ocupação romana sempre foi severa no Egito. É por isso que o calendário copta começa no ano 284 d.C. — nesse ano, Diocleciano se tornou imperador de Roma e seu reinado foi marcado pela tortura e execução em massa de cristãos, principalmente no Egito. Depois que o cristianismo se tornou a religião do Império Romano, os cristãos coptas ficaram em maus lençóis com o Império, visto que sua teologia foi rotulada como herege no Conselho de Calcedônia (451 d.C.). Os exércitos árabes conquistaram o Egito em 639-646 d.C. e isso levou a mais períodos de severa perseguição sob o islã. A igreja focou em sobreviver ao invés de ter um papel público na sociedade. No século 10, os cristãos coptas reduziram em número, perfazendo cerca de metade da população.
O papel colonial britânico no Egito (1882-1952) deu muita liberdade aos cristãos. Após a revolução de 1952, essa liberdade foi constantemente corroída e houve breves períodos em que os cristãos foram perseguidos, mas isso sempre foi um fenômeno local e não realizado pelo Estado.
Atualmente, a vasta maioria de cristãos do Egito (mais de 90%) pertence à Igreja Ortodoxa Copta. A Igreja Católica Romana entrou no Egito no século 17 através da atividade missionária dos Capuchinhos e dos Jesuítas. Em 1847, os anglicanos começaram a trabalhar no país, seguidos pela Igreja Presbiteriana Reformada Associada, com sede nos Estados Unidos, em 1854. Muitos outros grupos de igrejas independentes e missionários seguiram, somando à rica variedade da vida da igreja egípcia.
CONTEXTO DO EGITO
O islamismo é a religião dominante no Egito. A Portas Abertas estima que o número de cristãos seja de 9,7 milhões. Entretanto, o número total e percentual de cristãos permanece um tópico de debate, com cristãos egípcios alegando que mais de 15% da população é cristã.
Embora o cristianismo tenha raízes profundas no Egito, voltando séculos antes do advento do islamismo no Norte da África, os cristãos são geralmente marginalizados e tratados como cidadãos de segunda classe no Egito moderno. Os cristãos podem ser encontrados em todo o país, mas “eles estão principalmente concentrados no Alto Egito (a parte Sul do país) e em cidades maiores como Cairo e Alexandria”. Subúrbios no Cairo, outras cidades e algumas vilas algumas vezes são denominadas ou descritas como “áreas cristãs”, mas poucas são exclusivamente cristãs (ou muçulmanas).
Essa visão causa discriminação de cristãos no âmbito político e na relação com o Estado. Também cria um ambiente em que o Estado é relutante para respeitar e reforçar os direitos fundamentais dos cristãos.
Na esfera da família, os cristãos de origem muçulmana enfrentam a maior pressão para negar a fé. Os cristãos também enfrentam opressão islâmica na vida diária na vizinhança ou no trabalho. Também houve ataques violentos realizados por grupos islâmicos contra cristãos. A atividade desses grupos militantes está amplamente concentrada no Nordeste do Sinai.
Como a Humanists International (organização guarda-chuva que abraça organizações humanistas no mundo todo) escreve em seu relatório Freedom of Thought: “Um dos sinais mais visíveis de discriminação contra ateístas, apóstatas do islamismo e membros de minorias religiosas é a política que diz respeito aos documentos de identidade do Egito, que incluem uma seção sobre religião em que só uma das três ‘religiões divinas’ são reconhecidas. […] Indivíduos que nasceram muçulmanos e deixam o islã não têm permissão para mudar o campo ‘religião’ no documento de identidade. Apenas poucos casos em que cristãos se converteram ao islamismo e depois voltaram ao cristianismo tiveram permissão da justiça egípcia, embora de maneira inconsistente, para a mudança no documento”.
Com esse contexto religioso, homens e mulheres enfrentam pressão significativa, principalmente cristãos de origem muçulmana. A lei egípcia permite que cristãos se convertam ao islamismo, mas apesar de diversas campanhas contra disparidades, o contrário não é permitido. Como tal, uma mulher cristã pode ser casada com um homem muçulmano, mas um homem cristão não pode se casar com uma mulher muçulmana.
Cristãos no Egito explicam que a violação da liberdade de religião acontece principalmente no nível comunitário. Os incidentes variam de mulheres cristãs sendo assediadas enquanto caminham na rua a uma multidão de muçulmanos irados que forçam toda uma comunidade de cristãos a se mudar, deixando suas casas e confiscando seus pertences. Esse tipo de incidente acontece mais no Alto Egito, onde movimentos salafistas (movimentos ortodoxos, internacionalistas e ultraconservadores dentro do islamismo sunita) são ativos nas comunidades rurais.
Em claro contraste em como as mesquitas são tratadas, os prédios de novas igrejas são restringidos. Cristãos de todos os contextos têm dificuldades para encontrar novos lugares para o culto congregacional. As dificuldades vêm tanto das restrições do Estado como da hostilidade da comunidade e violência das multidões.
Cristãos de origem muçulmana têm grande dificuldade em viver a fé, pois enfrentam enorme pressão da família para retornar ao islamismo. O Estado também torna impossível para eles receberem qualquer reconhecimento oficial da conversão.
Analfabetismo
O Egito é um dos nove países com as maiores taxas de analfabetismo do mundo, 26% dos adultos são analfabetos, de acordo com o Bertelsmann Transformation Index (BTI). Além disso, pobreza, baixo nível de conscientização e educação em saúde, altos índices de analfabetismo e violência doméstica generalizada são comuns para muitos egípcios, inclusive cristãos.
É comum para crianças em vilarejos saírem da escola ainda pequenas para ajudar na renda da família. Declaradamente, muitas crianças cristãs enfrentam discriminação de professores e colegas no sistema educacional. Embora haja escolas particulares cristãs, a maioria dos cristãos não pode pagá-las. Jogos de poder ocorrem em todos os níveis da sociedade: muçulmanos oprimem cristãos, homens oprimem mulheres, e alguns líderes da igreja podem usar a autoridade para oprimir cristãos mais vulneráveis de outras denominações.
Culturalmente, o Egito é conservador e, apesar dos grandes centros urbanos (como Cairo e Alexandria), é dominado por atitudes tribais. A população não é tão etnicamente diversa como em outros países do Norte da África e do Oriente Médio e tem uma forte identidade nacional.
Proeminência da Universidade Al-Azhar e discriminação aos cristãos
Especialmente com o surgimento de interpretações mais radicais do islamismo, a pressão sobre os cristãos tem aumentado nas últimas décadas. O Egito busca ser um centro cultural do islamismo e continua a ser influente através da Universidade Al-Azhar e suas casas de produção de mídia. O presidente al-Sisi convocou estudiosos da Universidade Al-Azhar para combater o radicalismo e introduzir reformas no ensino islâmico. Entretanto, em áreas rurais e empobrecidas, em particular, os imãs radicais e os gêneros de islamismo menos tolerantes estão crescendo em proeminência. O governo está fazendo esforços para reverter essa tendência, mas não tem sido muito bem-sucedido até agora.
Cristãos no Egito relatam que, embora muçulmanos e cristãos tenham bastante contato no dia a dia, não pode ser chamada de uma coexistência pacífica. Embora todos falem a mesma língua, há uma considerável divisão causada pelos sistemas de crenças contrastantes. Muçulmanos radicais em zonas rurais, onde muitos cristãos vivem, promovem atitudes de rejeição em relação aos cristãos, o que é um terreno fértil para agressões, principalmente contra mulheres e crianças. Mulheres cristãs, sobretudo em zonas rurais, são alvo de grupos radicais islâmicos e, como resultado, sequestro para conversão, resgate e casamento forçado não é incomum. Além disso, quando a violência sectária emerge, conflitos são resolvidos com frequência usando os chamados “comitês de reconciliação habitual”. Entretanto, por causa de sua posição como minoria, “as sessões de reconciliação sempre parecem punir os cristãos, deixando os responsáveis muçulmanos com poucas consequências”.
A Universidade Al-Azhar, umas das mais influentes universidades islâmicas do mundo, tem um lugar proeminente dentro da sociedade egípcia e até mesmo da Constituição. O Grã Imã Ahmed el-Tayyeb, da Al-Azhar, afirmou claramente que não há lugar no islã para muçulmanos se converterem ao cristianismo.
Embora apenas poucos comentaristas vejam uma distinção étnica entre cristãos coptas e árabes islâmicos, cristãos e muçulmanos agem como dois grupos distintos na sociedade egípcia. Como em muitos outros países árabes, o pensamento tribal influencia fortemente a ideologia do grupo e isso pode facilmente levar à violência verbal e física contra aqueles de fora do grupo. No Alto Egito, por exemplo, muitos casos de violência de multidões acontecem quando cristãos tentam implementar o reconhecimento oficial de uma igreja. Nesses casos, há uma mistura de opressão islâmica e antagonismo étnico, que exigem que a minoria cristã opere cuidadosamente.