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Como é a perseguição aos cristãos no Tajiquistão?
O Tajiquistão fazia parte da antiga União Soviética. Apesar de agora, oficialmente, ter liberdade de religião pela lei, a realidade é diferente. O Estado ainda impõe restrições a reuniões e atividades religiosas, principalmente para conter o extremismo islâmico. Mas as regras e a vigilância também afetam os cristãos, e o Estado está se tornando cada vez mais cauteloso e hostil em relação a eles.
Existem muitos elementos da vida cristã que são ilegais, desde a realização de um culto até a impressão de literatura religiosa. Pessoas com menos de 18 anos também não têm permissão para participar dos cultos da igreja, e os cristãos não podem compartilhar a fé publicamente. Nos últimos anos, os encontros da igreja têm sido cada vez mais invadidos pelas autoridades, com os membros da igreja sendo interrogados por horas a fio e pressionados a delatar os outros. Eles podem ser detidos, multados ou presos. Como resultado, o risco de perseguição levou muitos cristãos à prática da fé de forma clandestina.
Existem leis rígidas sobre educação religiosa, então, treinar líderes da igreja é um desafio. Grande parte do país é muçulmana, e os cristãos que deixaram o islã para seguir a Jesus enfrentam rejeição, humilhação e possível violência da família e da comunidade.
“Por duas semanas, fomos convocados todos os dias pelo Serviço de Inteligência do Estado. Eles nos ameaçaram, assustaram e insultaram. Mas agradeço a Deus porque pudemos testemunhar sobre nossa fé em Jesus Cristo.”
Khasan (pseudônimo), líder cristão perseguido na Ásia
Como as mulheres são perseguidas no Tajiquistão?
Na cultura islâmica tradicional do Tajiquistão, as mulheres cristãs de origem muçulmana são particularmente vulneráveis a discriminação e perseguição violenta. Como o ensino islâmico no país obriga as mulheres a se submeterem de todas as maneiras aos homens de sua família, na prática, as mulheres não têm a liberdade de escolher a própria religião.
Se a conversão ao cristianismo for descoberta, elas correm o risco de serem colocadas em prisão domiciliar, espancadas, rejeitadas, agredidas sexualmente ou forçadas a se casar com um muçulmano. Fontes da Portas Abertas relatam uma história recente de uma mulher cujo marido proibiu que ela e o filho frequentassem a igreja e os manteve trancados.
Como os homens são perseguidos no Tajiquistão?
Como em outras partes da Ásia, a maioria dos líderes da igreja são homens. As autoridades têm como alvo os líderes cristãos para impactar as igrejas em geral e fazer com que os níveis de medo aumentem dentro da congregação. A polícia pode interromper cultos e impor multas aos líderes da igreja por realizar “encontros ilegais”, possuir material cristão sem permissão ou compartilhar a fé com outras pessoas.
Quando detidos, eles podem enfrentar abusos verbais e físicos, ameaças, espancamentos e pressão para denunciar outras pessoas. Os homens cristãos também podem experimentar oposição em outras áreas da vida, incluindo o local de trabalho, as forças armadas, a comunidade local e até mesmo dentro da própria família.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos no Tajiquistão?
A Portas Abertas fortalece os cristãos perseguidos na Ásia por meio de ajuda emergencial, distribuição Bíblias e literatura cristã, apoio em oração, treinamento vocacional e projetos de geração de renda.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Tajiquistão?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Tajiquistão?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Tajiquistão são: paranoia ditatorial, opressão islâmica e opressão do clã.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Tajiquistão são: oficiais do governo, partidos políticos, cidadãos e quadrilhas, líderes religiosos não cristãos, parentes, líderes de grupos étnicos.
Pedidos de oração do Tajiquistão
- Ore para que os cristãos que se reúnem em igrejas domésticas, frequentemente monitoradas pelas autoridades, possam adorar juntos sem medo.
- Interceda por uma mudança no coração dos funcionários do governo tajique, para que parem de infringir a liberdade religiosa.
- Peça a Deus que proteja os evangelistas e líderes cristãos que levam a palavra de Deus e outros recursos aos cristãos no Tajiquistão.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO TAJIQUISTÃO
Os tajiques são descendentes diretos dos povos iranianos cuja contínua presença na Ásia Central e Norte do Afeganistão é registrada em meados do primeiro milênio antes de Cristo. O nome tajique, originalmente dado pelos árabes para a população local, foi aplicado por invasores turcos e senhores de terras para os elementos da população que continuavam falando línguas iranianas. Até a metade do século 18, os tajiques eram parte do emirado de Bucara, mas então os afegãos conquistaram a terra ao Sul e Sudeste de Amudária, incluindo a cidade de Balkh, um antigo centro cultural tajique.
As conquistas russas na Ásia Central nos anos 1860 e 1870 levaram diversos tajiques aos vales de Zeravshan e Fergana sob o governo direto da Rússia, enquanto o emirado de Bucara se tornou um protetorado russo em 1868. Em 1929, o status de República Socialista Soviética Autônoma Tajique foi elevado a República Socialista Soviética. A mudança no status marcou a primeira vez que o povo tajique teve seu próprio estado, embora não completamente independente, mas ainda como parte da União Soviética.
Independência e guerra
O Tajiquistão conquistou sua independência durante a dissolução da União Soviética em 9 de setembro de 1991 e caiu imediatamente na guerra civil, de 1992 a 1997, entre as forças da velha guarda e os islâmicos organizados como Oposição Tajique Unida (UTO, da sigla em inglês). Outros grupos armados que floresceram no caos simplesmente refletiram a quebra da autoridade central e não a lealdade a uma facção política. Em 1997, o governo tajique e a UTO negociaram com êxito um acordo de paz visando o compartilhamento do poder e o implementaram até o ano 2000.
Antes da derrubada do Talibã em 2001, a guerra civil no Afeganistão atingiu áreas fronteiriças e ameaçou desestabilizar a frágil e dura conquista do Tajiquistão. Em 1999 e 2000, o Movimento Islâmico do Uzbequistão utilizou o Tajiquistão como uma plataforma para ataques contra o governo uzbeque. Ao mesmo tempo, os avanços do Talibã no Norte do Afeganistão (antes da última retomada em agosto de 2021) ameaçavam inundar o Tajiquistão com milhares de refugiados. Um fluxo constante de narcóticos ilegais do Afeganistão continua a transitar no Tajiquistão a caminho dos mercados russo e europeu.
Em 2010, havia preocupações entre os funcionários tajiques de que a militância islâmica radical no Leste do país estivesse em ascensão. A luta contra militantes extremistas entrou em erupção em julho de 2012, e novamente em 2015, quando a Rússia enviou tropas para ajudar. Atualmente, o governo está preocupado com o possível retorno de centenas de tajiques que foram ao exterior para lutar pelo Estado Islâmico e outros grupos extremistas.
Conflito com Quirguistão e COVID-19
Em 13 de março de 2019, houve um conflito na fronteira com o Quirguistão em que um pequeno número de moradores de uma vila foi morto. Conversas ocorreram entre os presidentes de ambos os países em julho de 2019, mas apenas alguns dias depois uma nova onda de violência surgiu. Novas conversas entre Tajiquistão e Quirguistão ocorreram em janeiro de 2020. Mas, novamente, novas violências surgiram em maio e junho de 2020. O relacionamento entre os dois países vizinhos permanece tenso.
A crise da COVID-19 levou a grandes problemas sociais e econômicos no Tajiquistão. O governo do presidente Rahmon minimizou o impacto do vírus. Em 26 de junho de 2020, ele colocou o número de mortes relacionadas à COVID-19 em 52. Entretanto, uma lista online atualizada regularmente por ativistas locais contabilizou o número de mortes relacionadas à COVID-19 em 437, até 26 de junho de 2020.
Em 2021, o Tajiquistão foi envolvido em dois conflitos sérios na região. Houve confrontos regulares ao longo da fronteira do Tajiquistão e Quirguistão, e houve a mudança do governo no vizinho Afeganistão.
HISTÓRIA DA IGREJA NO TAJIQUISTÃO
Os missionários nestorianos levaram o cristianismo aos tajiques durante o século 6 e o islamismo chegou cerca de um século depois. Os cristãos nestorianos (também conhecidos como a Igreja do Oriente) viveram lado a lado com os muçulmanos até que Timur Lenk (também conhecido por Tamar Lane) erradicou o cristianismo do seu império no século 14.
O cristianismo voltou ao Tajiquistão no final do século 19, quando o Império Russo conquistou a região montanhosa. Entre 1864 e 1885, a Rússia gradualmente assumiu o controle de todo o território do Turquestão Russo, cuja parte do Tajiquistão havia sido controlada pelo Emirado de Bucara e Canato de Kokand. Deve-se notar que apenas os governantes russos eram cristãos — não havia cristãos tajiques conhecidos na época.
Sob o governo de Josef Stalin, muitos russos, alemães, ucranianos, bielorrussos e poloneses que não eram considerados confiáveis foram enviados para o Tajiquistão na década de 1930. Isso significou um enorme crescimento no número de cristãos no Tajiquistão. Após a morte de Stalin, em 1953, muitos deles voltaram para casa e deixaram o Tajiquistão. Cristãos agora formam menos de 1% da população tajique.
CONTEXTO DO TAJIQUISTÃO
A cultura tajique tem sido dominada pelo islamismo – principalmente sunita – desde que comerciantes árabes levaram a religião para o país no século 7. Sob a União Soviética (1917-1991), a ideologia comunista promoveu o ateísmo, mas desde 1991, o Tajiquistão tem visto um aumento significativo na prática religiosa. Desde 2009, a escola Hanafi de islamismo sunita é a religião oficial no Tajiquistão. O país é o único antigo Estado soviético com uma religião oficial.
O Tajiquistão é o país da Ásia Central com a maior porcentagem de muçulmanos. De acordo com o World Christian Database (WCD), 97,9% da população é muçulmana. No entanto, seria errado chamar o Tajiquistão de um país muçulmano. Setenta anos de ateísmo durante a era soviética deixaram uma influência profunda e o governo (os herdeiros dos soviéticos ateus) é firmemente secular e mantém o islamismo sob controle rigoroso. A população apenas segue a cultura islâmica ao invés de ensinamentos islâmicos rigorosos. No entanto, o Tajiquistão teve experiência com grupos islâmicos radicais como o Movimento Islâmico do Uzbequistão (IMU, da sigla em inglês) e o Hizb-ut-Tahrir. Centenas de tajiques se juntaram a esses grupos, além de sair para lutar pelo Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
De acordo com o WCD, a segunda maior categoria religiosa no Tajiquistão é não religiosa/ateia. Eles vivem principalmente na capital e outras grandes cidades. Esse é o resultado de 70 anos de ateísmo forçado pelo governo da União Soviética, entre 1917 e 1991.
Pressão sobre grupos divergentes
O governo exerce forte pressão sobre todos os grupos “divergentes”, reforçando as leis existentes e aplicando-as estritamente. Cristãos nativos de origem muçulmana carregam o peso da perseguição tanto nas mãos do Estado como da família, amigos e comunidade. A Igreja Ortodoxa Russa enfrenta menos problemas por parte do governo por não se aproximar da população tajique. A lei da juventude, em particular, colocou os cristãos (e outras minorias religiosas) em uma indefinição legal, pois não deixa claro o que ainda é permitido.
Os cristãos são um grupo muito pequeno; eles chegam a apenas 0,7% da população. A maioria (mais de 76%) deles são ortodoxos russos (ou seja, russos étnicos). Como em outros países da Ásia Central, o número de cristãos está diminuindo devido à emigração de russos. O aumento do número de convertidos para o cristianismo, que são cerca de 3 mil, não equilibra essa equação. Eles experimentam grande pressão da família, dos amigos e da comunidade local para retornar à fé de seus antepassados, acreditando que um verdadeiro tajique só pode ser muçulmano.
Nenhuma atividade religiosa além das comandadas pelo Estado e instituições controladas são permitidas. Protestantes, em particular (que são considerados “extremistas”, diferentes dos cristãos ortodoxos), são perseguidos de forma significativa. Os cultos das igrejas são muitas vezes interrompidos e cristãos enfrentam assédio e prisões por manterem encontros de oração particulares ou por possuírem material religioso “ilegal”. Registrar grupos cristãos não católicos e não ortodoxos é efetivamente impossível, tornando todas as atividades religiosas conduzidas por esses grupos tecnicamente ilegais. Mesmo grupos religiosos tecnicamente “legais” (batistas, por exemplo) enfrentam perseguição similar.
Um dos principais problemas para os cristãos perseguidos no Tajiquistão (e nos outros países da Ásia Central) é o fato de que há pouca cooperação e muita divisão entre as várias denominações. Infelizmente, há poucas exceções a isso, o que se torna um trunfo nas mãos do governo.
Se cidadãos nativos se convertem do islamismo ao cristianismo, é provável que experimentem pressão e, ocasionalmente, violência física por parte da família, amigos e comunidade local para forçá-los a voltar à antiga fé. Alguns cristãos de origem muçulmana são trancafiados pela família por longos períodos, agredidos e podem ser expulsos da comunidade. Mulás (pregadores islâmicos) locais pregam contra eles, aumentando a pressão. Como resultado, os convertidos farão o possível para esconder a fé cristã, tornando-se então cristãos secretos.
Maior pressão a partir de 2015
Não são permitidas atividades religiosas fora das instituições estatais. A pressão das autoridades foi intensificada desde 2015. Houve mais invasões a cultos e cristãos foram interrogados. É muito comum que os membros de qualquer igreja protestante sejam considerados seguidores de uma seita alienígena com apenas um objetivo, ou seja, espiar e destruir o sistema político atual. Nessa perspectiva, eles precisam não apenas ser controlados, mas, se necessário, até mesmo erradicados. Outra área de repressão envolve educação religiosa, independentemente da religião.
O Tajiquistão é o único país da Ásia Central onde prevalece uma língua e cultura não turcas. O tajique (idioma) pertence ao mesmo grupo de línguas que o farsi (Irã) e o dari (Afeganistão), e a cultura tajique se assemelha muito à cultura de partes do Irã e do Afeganistão. Os tajiques não separam a própria literatura da literatura geral persa, mas há uma diferença na escrita: o farsi usa letras árabes, enquanto o tajique usa o alfabeto cirílico (usado também para o russo).
Devido ao antigo sistema educacional soviético, praticamente todos os cidadãos tajiques são alfabetizados. Isso oferece excelentes oportunidades para a leitura de literatura cristã. As restrições impostas pelo governo (todos os materiais devem ser aprovados e apenas registrados por grupos ativos) significa que a maior parte da distribuição deve ser feita de forma não oficial. A tradução da Bíblia em tajique está disponível desde a década de 1990.