
Tipo de perseguição
Pontuação na pesquisa
73Religião
Capital
População
População cristã

Como é a perseguição aos cristãos no Uzbequistão?
O Uzbequistão fazia parte da antiga União Soviética e hoje é regido por um governo autoritário que monitora fortemente a população, especialmente grupos religiosos. Um especialista do país compartilhou que, em uma parte do Uzbequistão, “cada pastor e sua família são vigiados por cerca de 30 pessoas. Praticamente todos os passos são observados”.
As igrejas ortodoxas russas históricas sofrem menos perseguição do governo, mas não têm permissão para compartilhar a fé com o resto da população uzbeque. Todas as outras comunidades cristãs enfrentam algum tipo de monitoramento e pressão. As igrejas que não são aprovadas e registradas pelo Estado são frequentemente invadidas pela polícia, com pessoas presas, ameaçadas e multadas por organizar uma “reunião ilegal”.
A grande maioria das pessoas no Uzbequistão é muçulmana, e os cristãos recém-convertidos de origem muçulmana suportam o peso da perseguição tanto do Estado quanto da própria família e comunidade. Deixar o islã é visto como uma traição e traz grande vergonha para a família. Os cristãos de origem muçulmana podem enfrentar ameaças, cárcere privado, divórcio, abandono e abusos físicos.
“Quando meu marido encontrou minha Bíblia, ele me agrediu por horas, batendo e chutando, enquanto gritava nomes desagradáveis para mim e dizia que eu o traí e ao verdadeiro deus. Em meu coração, eu sabia que não estava sofrendo à toa. Estava sofrendo pelo nome de Jesus Cristo.”
Anara (pseudônimo), cristã de origem muçulmana na Ásia Central
Como as mulheres são perseguidas no Uzbequistão?
Apesar de a lei no Uzbequistão determinar direitos iguais a homens e mulheres, a cultura islâmica tradicional trata as mulheres como inferiores aos homens. Isso se reflete no tipo de perseguição enfrentada pelas mulheres cristãs uzbeques.
As cristãs de origem muçulmana podem enfrentar isolamento, prisão domiciliar, sequestro, casamento forçado, divórcio, abuso verbal e violência sexual. Mulheres e meninas são, muitas vezes, visadas para prejudicar de forma mais intensa as famílias. Incidentes de violência doméstica contra elas raramente são relatados ou punidos.
Como os homens são perseguidos no Uzbequistão?
A maioria dos líderes da igreja são homens, por isso, com frequência, eles são alvos das autoridades. Essa é uma boa maneira de incutir medo em comunidades cristãs inteiras para que elas se mantenham acuadas. Os líderes das igrejas podem ser multados, presos, espancados, ter vistos de saída negados ou colocados em prisão domiciliar por ofensas como realizar uma reunião “ilegal” – ou seja, fazer cultos –, ter literatura cristã ou até mesmo ter uma música de louvor no celular.
Os homens cristãos também podem enfrentar desafios em seus locais de trabalho ou de estudo, de modo que por causa da fé em Jesus, as perspectivas de emprego e condições de trabalho são restritas.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos no Uzbequistão?
A Portas Abertas fortalece os cristãos perseguidos na Ásia por meio de distribuição de Bíblias e literatura cristã, ajuda emergencial, treinamento bíblico e vocacional, apoio em oração, cuidado médico e social e projetos de geração de renda.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Uzbequistão?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos no Uzbequistão?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra os cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Uzbequistão são: paranoia ditatorial, opressão islâmica, opressão do clã.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores de hostilidades, violentos ou não violentos, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Uzbequistão são: oficiais do governo, partidos políticos, cidadãos e quadrilhas, líderes religiosos não cristãos, parentes, líderes de grupos étnicos.
Pedidos de oração do Uzbequistão
- Peça a Deus que preserve os cristãos como testemunhas do amor de Cristo em meio à perseguição no Uzbequistão.
- Ore para que as igrejas não registradas não sejam visadas ou assediadas pelas autoridades.
- Interceda por força e coragem para os cristãos de origem muçulmana uzbeques que podem sofrer pressão da família e da comunidade.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DO UZBEQUISTÃO
Após a introdução do islamismo na Ásia Central no século 8, vários fluxos populacionais chegaram ao território formando a terra do Uzbequistão. Algumas migrações contribuíram para a diversidade demográfica que caracteriza o Uzbequistão. Apesar do isolamento geográfico da Ásia Central, que diminuiu o avanço para o sul das forças russas, Bucara e Quiva foram invadidas em 1861; ambos canatos se tornaram protetorados russos (canato é um ente político governado por um cã, palavra que, em mongol e em turco, significa “líder tribal” ou senhor de um território – seja um principado, reino ou império). Uma revolta em Kokand foi esmagada em 1875 e o canato foi formalmente anexado no ano seguinte, completando a conquista russa do território uzbeque; a região se tornou parte da província russa do Turquistão.
A Revolução Russa de 1917 trouxe instabilidade e conflito ao Turquistão. Em 1924 e 1925, políticos dirigidos pelo Partido Comunista Russo (bolcheviques) redesenharam o mapa da Ásia Central de acordo com um princípio monoétnico para cada entidade principal e seu povo. O Uzbequistão se tornou da noite para o dia um território etnicamente designado na União Soviética (URSS), que foi estabelecida em dezembro de 1922. As autoridades logo garantiram ao Uzbequistão o status formal de república constituinte da União Soviética.
Em 20 de junho de 1990, o Uzbequistão declarou a soberania do seu Estado e, em 31 de agosto de 1991, sua independência. Em 1° de setembro de 1991, foi proclamado o Dia da Independência Nacional. As eleições presidenciais foram realizadas pela primeira vez no país em 29 de dezembro do mesmo ano, e Islam Karimov foi eleito primeiro presidente do Uzbequistão. Ele permaneceu no poder até sua morte em 2 de setembro de 2016. Sob Karimov, a liberdade religiosa foi ficando cada vez mais restrita.
Nas eleições presidenciais de 4 de dezembro de 2016, o presidente interino do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, se tornou o segundo presidente do Uzbequistão. Enquanto o novo governo se abriu com relação a seus vizinhos e a Rússia, as restrições quanto a liberdade religiosa mudaram severamente.
Em 28 de novembro de 2018, o Departamento de Estado dos Estados Unidos colocou o Uzbequistão em uma Lista Especial de Observação por ter se envolvido ou tolerado severas violações de liberdade religiosa. O Uzbequistão tinha sido designado como País de Preocupação Particular de 2006 a 2017 e agora foi movido para a Lista Especial de Observação, após o Departamento determinar que o governo tinha feito substancial progresso em melhorar o respeito à liberdade religiosa. Isso é verdadeiro em partes. Igrejas oficialmente registradas, como a Igreja Ortodoxa Russa, a Igreja Católica Romana e a Igreja Batista realmente observaram pequenas melhoras. Mas para outros cristãos, principalmente de origem muçulmana e secretos, a situação não mudou de fato. Eles continuam sendo alvo de batidas policiais, prisões e opressão.
Desde que Mirziyoyev se tornou presidente, em dezembro de 2016, a política externa mudou em muitos aspectos. Ele contatou a China em 2019 para uma cooperação econômica. Em 6 de março de 2020, o Gabinete de Ministros do Uzbequistão aprovou a decisão de solicitar o status de observador na União Econômica Eurasiática liderada pela Rússia.
HISTÓRIA DA IGREJA NO UZBEQUISTÃO
Os primeiros cristãos a entrar na Ásia Central, incluindo o Uzbequistão, eram missionários nestorianos no século 4. O nestorianismo é uma doutrina cristológica proposta por Nestório, patriarca de Constantinopla (428-431). A igreja nestoriana experimentou um período de declínio a partir do século 14, quando os governantes mongóis da região decidiram se converter ao islamismo. Posteriormente, o cristianismo nestoriano foi confinado em grande parte à Mesopotâmia Superior e à Costa Malabar da Índia.
A presença atual de cristãos no Uzbequistão data do século 19. Em 1867, o Império Russo expandiu seu território para a Ásia Central através de várias campanhas militares, trazendo russos étnicos que pertenciam principalmente à Igreja Ortodoxa Russa.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Josef Stalin ordenou a deportação de um grande número de alemães, ucranianos, poloneses e coreanos da Rússia para a Ásia Central, temendo que eles, de outra forma, apresentassem algum risco de segurança. Com eles, outras denominações cristãs chegaram ao Uzbequistão. Depois que o Uzbequistão se tornou um país independente em 1991, comunidades cristãs não tradicionais tornaram-se ativas entre a população uzbeque.
CONTEXTO DO UZBEQUISTÃO
Embora a principal religião do Uzbequistão seja o islamismo – predominantemente o sunita – seria errado chamar o Uzbequistão de país muçulmano. Os 70 anos de ateísmo durante a era soviética deixaram uma profunda influência. O governo (herdeiros dos soviéticos ateus) é firmemente secular e mantém o islamismo sob controle, com os cidadãos seguindo mais a cultura islâmica do que aderindo estritamente aos ensinamentos islâmicos.
As pessoas no Uzbequistão ainda reverenciavam o seu glorioso passado islâmico quando as universidades e madraças (escolas islâmicas) de Samarcanda e Bukhara eram famosas pela pesquisa científica e atraíam pessoas de todo o mundo. Seus três reinos muçulmanos (canatos) já chegaram a controlar, uma vez, vastas áreas da Ásia Central (área geográfica muito maior que o atual Uzbequistão).
Os 2,5% de agnósticos e ateístas são o resultado de 70 anos de propaganda ateísta por parte das autoridades soviéticas.
Formas de perseguição aos cristãos
Atividades evangelísticas de cristãos protestantes no Uzbequistão não são apreciadas e imediatamente atraem a atenção das autoridades. Muçulmanos se opõem a tais atividades também. Convertidos do islamismo enfrentam oposição de familiares, amigos e comunidade. A pressão é mais alta na região do Uzbequistão cuja população muçulmana é mais conservadora – o Vale de Fergana.
A pequena minoria cristã é fraca devido a muita divisão e pouca cooperação entre as diferentes denominações. Infelizmente, há poucas exceções a isso, o que é um trunfo nas mãos do governo.
Todas as categorias de comunidades cristãs enfrentam alguma forma de perseguição no Uzbequistão. As igrejas ortodoxas russas enfrentam menos problemas por parte do governo, já que geralmente não tentam fazer contato com a população uzbeque. São os cristãos de origem muçulmana nativos que suportam o peso da perseguição, tanto nas mãos do Estado, como da família, amigos e comunidade. Onde as igrejas não são registradas, os cristãos enfrentam repetidas batidas policiais, ameaças e multas.
Nenhuma atividade religiosa fora das instituições controladas e administradas pelo governo é permitida. Protestantes geralmente são rotulados de “extremistas” pela prática de uma religião fora das estruturas sancionadas pelo governo. É muito comum que membros de igrejas protestantes sejam considerados seguidores de uma seita estrangeira que tem apenas um objetivo: espiar e destruir o atual sistema político. Nessa perspectiva, eles não precisam ser apenas controlados, mas, se necessário, erradicados. Forças de segurança estabeleceram medidas de monitoramento para encontrar supostos extremistas. Isso também afeta cristãos e igrejas.
Se cidadãos nativos (que são muçulmanos) se converterem ao cristianismo, é provável que experimentem pressão e até mesmo violência física por parte da família, amigos e comunidade local para forçá-los a voltar à antiga fé. Alguns cristãos de origem muçulmana são trancados em casa pela família por longos períodos, agredidos fisicamente e até mesmo expulsos da comunidade. Mulás (pregadores islâmicos) pregam contra eles, somando à pressão. Como resultado, a maioria dos convertidos do islamismo fará o possível para esconder a fé, tornando-se cristãos secretos.
Corrupção e população jovem
A corrupção é endêmica em todos os níveis de administração e governo. Os grupos de poder dentro do regime não têm interesse em perder a oportunidade de ganhar dinheiro. As mudanças no governo desde dezembro de 2016 não parecem ter trazido nenhuma ação contra isso.
Outro fenômeno social é que mais de um quarto da população uzbeque tem menos de catorze anos de idade. Esse chamado salto juvenil exerce uma enorme pressão sobre o governo para criar novas oportunidades de trabalho a cada ano. Isso também significa que o Uzbequistão enfrentará grandes mudanças em um futuro não muito distante, já que a maioria da população não terá mais afinidades com o passado soviético.
Graças ao antigo sistema educacional soviético, praticamente todo cidadão do Uzbequistão é alfabetizado. Isso significa que pessoas interessadas na mensagem cristã podem receber materiais em seu próprio idioma. Porém, a maioria dos trabalhos deve ser feita de forma não oficial devido às restrições impostas pelo governo — todos os materiais devem ser aprovados e somente os grupos registrados podem estar ativos.