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Como é a perseguição aos cristãos na Coreia do Norte?
Ser descoberto como cristão na Coreia do Norte é efetivamente uma sentença de morte. Caso não sejam mortos, os cristãos são enviados para campos de trabalho forçado como prisioneiros políticos, onde enfrentam uma vida de trabalho duro a que poucos sobrevivem. Os membros da família, mesmo que não sejam cristãos, recebem o mesmo destino.
Não é possível viver livremente a fé cristã na Coreia do Norte. É quase impossível se reunir ou encontrar-se com outros cristãos para cultuar. Aqueles que arriscam se encontrar devem fazer isso em sigilo absoluto – e sob enorme perigo. Isso porque espiões podem entregá-los às autoridades se descobrirem qualquer indício de que alguém seja cristão. Assim, vizinhos e professores frequentemente delatam qualquer um que suspeitem ser um seguidor de Jesus.
Nesse contexto, reconhecer qualquer divindade além da família Kim é considerado uma ameaça para a liderança do país. A lei do pensamento antirreacionário, promulgada em dezembro de 2020, torna ainda mais claro que ser cristão ou portar uma Bíblia é um crime sério e será severamente punido. Apesar de existirem algumas igrejas para visitantes na capital, Pyongyang, elas existem apenas para propósitos de propaganda, e não há qualquer indício de liberdade religiosa no país.
Até mesmo os cidadãos norte-coreanos que escaparam do país não estão a salvo. Refugiados em outros países, particularmente na China, correm o risco de serem encontrados e deportados para enfrentar horríveis punições na Coreia do Norte. Espiões chineses trabalham com as autoridades norte-coreanas para enviar refugiados de volta para o país. Além disso, se for descoberto que um norte-coreano se tornou cristão, ouviu o evangelho ou entrou em contato com cristãos enquanto estava na China, ele receberá uma punição severa.
“Eu conheço os riscos envolvidos. Se eu for pega, posso acabar em um campo de trabalho forçado, pagando um preço árduo por ser cristã.”
Joo Min (pseudônimo), cristã norte-coreana
Como as mulheres são perseguidas na Coreia do Norte?
Mulheres cristãs mantidas em campos de trabalho forçado no país são extremamente vulneráveis à violência sexual em interrogatórios e no cotidiano da prisão. Esses atos são cometidos por guardas com a intenção deliberada de minar os ensinamentos cristãos sobre pureza sexual.
Estima-se que 80% de todos os desertores norte-coreanos são mulheres e muitas que fogem para a China estão sujeitas a tráfico humano e casamento forçado. Devido à política chinesa de repatriação, mulheres sem documentação podem ser capturadas e enviadas de volta para Coreia do Norte. Algumas norte-coreanas deportadas grávidas sofrem aborto forçado na volta ao seu país para evitar que a linhagem norte-coreana seja “contaminada”.
Como os homens são perseguidos na Coreia do Norte?
A sociedade patriarcal da Coreia do Norte significa que o monitoramento e controle do Estado estão especialmente focados nos homens. Todos devem frequentar locais de trabalho designados pelo governo, tornando mais difícil para eles fugirem da Coreia do Norte do que para as mulheres.
O testemunho de um ex-soldado norte-coreano revelou que a culpa por associação é aplicada principalmente à linhagem patriarcal, ou seja, filhos de homens cristãos são punidos de forma mais severa do que esposas e filhas. Homens cristãos detidos em campos de trabalho forçado também sofrem maus-tratos e abuso físico.
O serviço militar obrigatório de dez anos, que começa aos 17 anos para os homens, pode expor qualquer conexão com o cristianismo em sua história familiar. Se algum vínculo com cristãos é descoberto, o homem não pode ser membro do Partido Comunista e recebe as posições mais baixas na hierarquia militar, nas universidades e nos locais de trabalho.
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos na Coreia do Norte?
Por meio de redes de trabalho secretas fora do país, os colaboradores secretos da Portas Abertas ajudam cerca de 100 mil cristãos norte-coreanos com alimento e ajuda vital, além de oferecer abrigo em casas seguras na China e treinamento por meio de programas de rádio transmitidos de fora do país.
Como posso ajudar os cristãos na Coreia do Norte?
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
Quem persegue os cristãos na Coreia do Norte?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos na Coreia do Norte são: paranoia ditatorial e opressão comunista e pós-comunista.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores
das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos na Coreia do Norte são: oficiais do governo, partidos políticos, cidadãos e quadrilhas, parentes.

Pedidos de oração da Coreia do Norte
- Ore para que a pressão extrema não impeça os cristãos norte-coreanos de ter coragem de seguir a Jesus e anunciar seu grande amor.
- Interceda por força e provisão para os cristãos e famílias punidas por amor a Jesus na Coreia do Norte.
- Peça que o coração de Kim Jong-un seja transformado e os cristãos presos injustamente nos campos de trabalho forçado sejam libertos.
Mais informações sobre o país
HISTÓRIA DA COREIA DO NORTE
Foi depois da 2ª Guerra Mundial que a Península da Coreia foi dividida em dois países: Coreia do Norte e Coreia do Sul. Mas registros mostram a presença de comunidades na Península da Coreia desde 2.300 a.C. Em 1945, a Coreia do Norte conquistou a independência. Após o fracasso ao tentar dominar a parte Sul da ilha, durante a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, começou o governo de Kim II-sung, que foi sucedido em 1994 pelo filho, Kim Jong-il, e em 2011 pelo neto, Kim Jong-un, atual regente do país.
A capital da Coreia do Norte é Pyongyang, umas das poucas áreas urbanas e industriais do país. Tanto vizinhos próximos, China e Rússia, como os mais distantes, Japão, já invadiram o território coreano no século 19 e tentaram dominá-lo, o que causou impactos na sociedade e economia norte-coreanas.
O governo tentou diversos planos econômicos para recuperar as finanças do país desde 1954. A nação procura mostrar-se bem-sucedida internacionalmente, mas o cenário mostra o fracasso do regime em reestabelecer a economia nacional. Um dos projetos era restaurar as cidades destruídas pela Guerra da Coreia, que, mesmo 50 anos depois do conflito, lutam para se reerguer.
Desde o governo de Kim II-sung, a Coreia do Norte desenvolve armas nucleares. O país quer ser levado a sério e ser ouvido internacionalmente, uma das razões por que seus líderes têm batalhado para avançar a tecnologia nuclear e espacial, fazendo o mundo perceber sua existência. O país ficou conhecido pelas constantes ameaças de um conflito mundial, com teste de mísseis, discursos beligerantes e ataques na fronteira com a Coreia do Sul, no entanto, nenhumas delas foi de fato adiante. O exército tem um papel importante para a liderança do país, mas sua importância política diminuiu nos últimos anos.
Anos recentes
A política nuclear tem sido bem-sucedida à medida em que Kim Jong-un conseguiu seu primeiro encontro presencial histórico com o presidente norte-americano Trump, em junho de 2018, seguido por mais encontros em 2019. Entretanto, isso não levou a resultados concretos ou alívio nas sanções internacionais e ênfase na autossuficiência e força do país. Isso pode ser visto no desenvolvimento do programa de armas, que encheu o conteúdo do discurso feito por Kim Jong-un no 75º aniversário do Partido Comunista Norte-coreano em 2020.
A pandemia da COVID-19 também intensificou a crise no país. Mais de um ano depois do início do surto, o governo reconheceu em 2022 o primeiro caso de COVID-19 e implementou medidas rígidas de isolamento social. A decisão de fechar todas as fronteiras com a China piorou a economia frágil e a situação de grande parte da sociedade. O sistema de saúde norte-coreano já estava debilitado antes mesmo da chegada da pandemia.
Durante anos, a Coreia do Norte recebeu ajuda da União Soviética e da China, única aliada que continua contribuindo com o país. O país precisa de ajuda internacional e precisou abrir-se um pouco para recebê-la, mas o regime restringe o acesso aos cidadãos necessitados e está sob sanções internacionais, buscando manter apenas o mínimo de contato necessário com o exterior. A segurança do regime e da ideologia sempre serão priorizadas acima do bem-estar do seu povo.
CONTEXTO DA COREIA DO NORTE
A nação tem duas ideologias como base. Uma é chamada juche, que basicamente diz que o homem é autossuficiente. Esse princípio é usado para evitar a influência estrangeira no país e incentiva a confiar apenas no que é nacional, próprio da Coreia do Norte. A outra é o kimilsungismo, ou seja, a adoração aos líderes, que são considerados entidades onipotentes que guiam a Coreia do Norte e a ajudam a florescer. Os princípios combinam as duas grandes características do país: a aversão ao que é estrangeiro e o culto aos líderes nacionais.
Há décadas, o racionamento de alimentos, os campos de trabalho forçado e a estagnação econômica definem o contexto norte-coreano. Mesmo o aumento da produção agrícola no país não é suficiente para atender às necessidades da população. A filosofia juche também evita que indústrias e outras estruturas econômicas consideradas estrangeiras cresçam. Dessa forma, tanto pela postura do governo, quanto pelas sanções de outros países, a Coreia do Norte permanece isolada desde 1945.
O isolamento também tornou a Coreia do Norte uma das sociedades etnicamente mais homogêneas do mundo. Quase toda a população é coreana. Uma minoria chinesa constitui o outro grupo étnico do país. A língua oficial é o coreano. O país é regido por Kim Jong-un, que ocupa posições centrais em todas as esferas importantes: Partido, Estado e Exército. Os títulos que a família e o próprio Kim Jong-un recebem, mesmo durante as crises econômicas da Coreia do Norte, mostram a influência e o domínio da linhagem Kim sobre o país.
O regime investe principalmente no exército, nas manufaturas de aço e na agricultura, mas existe uma economia privada informal, com pequenos comércios em centros urbanos, que ajuda o país e o povo a sobreviver. As outras fontes de sustento norte-coreanos são os campos de trabalho forçado, para onde muitos cristãos são enviados quando presos, e os valores enviados por norte-coreanos que vão trabalhar no exterior, geralmente na Rússia ou China.
Todas as terras são controladas pelo regime norte-coreano. A produção é enviada diretamente para o governo, que define a distribuição da mesma entre as províncias. O salário dos que trabalham no exterior também é enviado diretamente para o regime, sobrando pouco ou quase nada para os trabalhadores. A pesca também é um dos grandes provedores de alimento para norte-coreanos.
A “lei do pensamento antirreacionário” aumentou o controle social no país. Possuir uma Bíblia e ser cristão já eram práticas proibidas pela lei, o que mostra a postura anticristã do regime, mas as alterações recentes enrijeceram as regras, proibindo o acesso a músicas, como K-pop, e outras referências culturais consideradas estrangeiras ou ocidentais. Até mesmo o deslocamento dentro do país, entre as províncias, exige a aprovação do governo.
HISTÓRIA DA IGREJA NA COREIA DO NORTE
Em 1603, um diplomata coreano retornou de Pequim carregando vários livros de teologia escritos por um missionário jesuíta na China. Ele passou, então, a divulgar as informações presentes nos livros e as primeiras sementes do cristianismo, na forma católica romana, foram semeadas. Em 1758, o rei Yeongjo de Joseon proibiu oficialmente o cristianismo alegando ser uma prática maligna, e os cristãos coreanos foram submetidos a perseguição severa, particularmente entre 1801 e 1866. Nesse período, aproximadamente oito mil católicos foram mortos em toda a Coreia.
Quando os primeiros missionários protestantes se estabeleceram permanentemente no Norte da Coreia, em 1886, eles encontraram ali uma pequena comunidade de cristãos e, um ano depois, a primeira Bíblia foi impressa em coreano. A anexação da Coreia do Norte pelo Japão em 1905 (oficialmente em 1910), não intencionalmente, causou um grande aumento no número de cristãos e o cristianismo se tornou associado com movimentos que apoiavam o nacionalismo coreano. Em 1907, começou um grande avivamento que marcou a história, a ponto de a capital Pyongyang ser conhecida como a “Jerusalém do Oriente”. Centenas de igrejas surgiram e houve numerosas reuniões de avivamento. Missionários também estabeleceram instituições de ensino em todo o país.
O domínio japonês sobre o país trouxe a perseguição religiosa, e cristãos e outros civis foram forçados a se curvar diante dos altares do imperador. Após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, Kim Il-sung chegou ao poder na área de controle soviético da Península Coreana, ao norte do Paralelo 38. Em 1948, ele impôs um regime comunista e ateísta. Durante a Guerra da Coreia (1950-1953), muitos cristãos fugiram e, depois da guerra, dezenas de milhares de cristãos foram mortos, presos ou banidos para áreas remotas. O resto da igreja se tornou clandestina. Antes da Guerra da Coreia havia cerca de 500 mil cristãos na Coreia do Norte. Apenas dez anos depois, não havia mais a presença visível da igreja.
Culto aos líderes e doutrinamento
A religião na Coreia do Norte atualmente resume-se ao culto da família dos líderes políticos, ou seja, a família de Kim II-sung. Todos têm de participar de reuniões semanais e sessões de autocrítica e memorizar mais de 100 páginas de material ideológico, que inclui documentos, poemas e canções que louvam os feitos e a majestade da família Kim. Até mesmo crianças na pré-escola são doutrinadas.
Oficiais do Partido são obrigados a estudar a ideologia política duas horas por dia, além de participar de qualquer sessão de estudo semanal já existente e encontros de autocrítica. Isso não apenas coloca um grande peso sobre os oficiais, mas também mostra quão tensa é a situação para aqueles considerados como “forças hostis”.
Ainda há seguidores do budismo e do confucionismo no país, apesar da adoração aos líderes não dividir espaço com qualquer outra religião, em teoria. No entanto, como essas religiões pertencem à mentalidade cultural, os adeptos podem viver a fé sem que qualquer um note e essas religiões são toleradas.
O cristianismo, pelo contrário, é visto como uma religião estrangeira perigosa que deve ser combatida ferozmente. Se reunir com outros cristãos para adorar é praticamente impossível e, se alguns ousam fazê-lo, têm que ser em máximo sigilo. As igrejas mostradas aos visitantes em Pyongyang servem meramente a propósitos de propaganda. A Portas Abertas estima que o número de cristãos no país é de 400 mil, mas pode ser de até 500 mil. Cristãos e seus descendentes estão registrados na classe hostil do sistema de classificação social norte-coreano, que continua em operação, e ainda influencia muito a vida diária, excluindo essas pessoas da ajuda estatal e outros benefícios sociais por causa da relação com o cristianismo.