Entenda a situação dos cristãos na Nigéria

Com a crescente atenção que a Nigéria vem recebendo na mídia e nas redes sociais, muitas dúvidas surgiram sobre as causas e o impacto da violência, quem é responsável e por que os cristãos são tão afetados.
Nós reunimos as dez perguntas mais comuns com respostas de fontes verificadas da Portas Abertas, trazendo informações claras e precisas para ajudar a entender o caso.
O que está acontecendo com os cristãos e outras minorias na Nigéria?
Diversos grupos militantes islâmicos estabeleceram uma forte presença na região, especialmente ao norte do país. Entre esses grupos está o Boko Haram e o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês). Ambos os grupos têm ideologias radicais sobre a construção de um Estado Islâmico. Recentemente, outros grupos extremistas islâmicos menos conhecidos também começaram a operar em novas áreas, incluindo o Sul da Nigéria. Algumas dessas organizações são independentes e outras são ligadas à Al-Qaeda.
Além disso, radicais islâmicos entre a etnia fulani levaram destruição à região central do país, que tem presença cristã predominante. É importante ressaltar que não são todos os fulani que compactuam com a violência. Esses extremistas entre os membros da etnia fulani são responsáveis por 55% da violência contra cristãos registrada entre 2019 e 2023. Todos os grupos citados atacaram a região central, matando milhares todos os anos e deslocando milhões de suas casas. Os sobreviventes dos ataques passam a viver em péssimas condições em campos de deslocados internos.
Onde a violência está acontecendo?
O nível de violência não é o mesmo em todas as regiões da Nigéria. As mais afetadas são as regiões nordeste, noroeste e centro-norte. Recentemente, os ataques também começaram mais ao Sul, área de maioria cristã.
Esse é um conflito religioso?
Sim, mas a religião não é o único motivo. Uma grande motivação é o poder. Os extremistas querem controle total sobre as terras e as pessoas. Outro fator é a pobreza. Se você não tem nada, fica mais suscetível à radicalização. Para os fulani, a falta de recursos trazida pelas mudanças climáticas, fez com que eles migrassem para o Sul do país em busca de terras férteis para seus rebanhos, onde os cristãos têm a maioria das terras cultivadas. Como alguns dos fulani são adeptos de ideologias islâmicas radicais, eles veem os cristãos como infiéis e atacam suas terras.
Os cristãos são alvo?
Apesar dessa ideia ser contestada, as estatísticas mostram um padrão claro. O Boko Haram e o ISWAP já declararam diversas vezes que os cristãos são seus alvos. Muitas vítimas já disseram que, quando os extremistas da etnia atacam, eles não gritam apenas “Allahu Akbar”, mas também “nós vamos destruir todos os cristãos”.
De acordo com o Observatório da Liberdade Religiosa na África, dados de civis mortos (exceto em ações militares e ataques terroristas) mostram que mais cristãos são mortos por extremistas do que muçulmanos. Se você é cristão, tem 6,5 vezes mais chances de ser morto do que um muçulmano, e 5,1 vezes mais chances de ser sequestrado. Isso não quer dizer que o sofrimento dos muçulmanos é menor, apenas que é menos frequente.
O que torna o assunto mais complexo é o problema com criminosos no Norte do país. Sequestros são um grande negócio, que financia a expansão de grupos terroristas. Cerca de 20 mil pessoas foram sequestradas entre 2019 e 2023. Muitos dos criminosos sequestram qualquer um capaz de pagar um resgate, mas perceberam que os cristãos, especialmente seus líderes, costumam atrair maiores quantias no resgate.
A violência está acontecendo apenas na Nigéria?
Não, a violência dos radicais islâmicos não se restringe à Nigéria. Ela está se espalhando por muitos países da África Subsaariana. Militantes e outras organizações criminosas menores estão explorando os conflitos, insegurança e pobreza em países como o Sudão, Níger, Burkina Faso, República Democrática do Congo e Moçambique.
Há diferentes motivos para os ataques, mas a ideologia extremista islâmica de assumir o controle de regiões inteiras da África e perseguir aqueles que não seguem seus ideais e crenças é uma das principais causas.
O que dizem as vítimas?
Os sobreviventes falam sobre a brutalidade do Boko Haram e do ISWAP, contando que “se você é muçulmano, não será tão torturado” ou que os agressores simplesmente interrompiam a violência caso a pessoa dissesse ser muçulmana.

É verdade que a mídia está ignorando os casos de violência na Nigéria?
O assunto vem ganhando relevância recentemente, mas muitos veículos ainda divulgam a mesma narrativa do governo nigeriano, dizendo que os ataques não são religiosos ou que se tratam de conflitos entre agricultores, mesmo que haja uso de rifles, metralhadoras e granadas.
O governo nigeriano está prendendo os agressores?
Membros do Boko Haram e do ISWAP já estão sendo presos, mas o mesmo ainda não acontece com extremistas islâmicos entre os fulani. Os mais afetados pela violência não acreditam que os responsáveis vão pagar por seus crimes, isso porque centenas de suspeitos foram presos ao longo dos anos, mas a maioria já foi solta sem julgamento.
O que o governo nigeriano deveria fazer?
A Portas Abertas encoraja o governo nigeriano a tomar uma atitude imediata, levando ajuda humanitária urgente e adequada às comunidades afetadas pela violência, colocando em prática um plano que garanta a segurança dos nigerianos e levando os agressores à justiça.
O que a Portas Abertas está fazendo?
Dois anos atrás, a Portas Abertas lançou a campanha Desperta África, contra a violência e a perseguição na África Subsaariana. Essa campanha veio como uma resposta ao clamor da igreja local por apoio e para que o mundo soubesse o que está acontecendo. Além de levantar fundos para ajudar aqueles que mais precisam, também há uma petição global para influenciar governos e instituições internacionais a agirem em favor das vítimas.
O que eu posso fazer?
Chegou a hora de fazer sua voz ser ouvida para que esse ciclo de violência tenha um fim. Assine a petição Desperta África pelo fim da violência e início da cura. Você também pode doar para fortalecer os cristãos locais, levando ajuda emergencial para suprir suas necessidades mais urgentes.
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